Sou a mata em meio a selva Sou resistência, sou relva Renasço em meio a queda Sou o sorriso de uma fera Risco o ponto e me sento a mesa Me concentro e clamo pela natureza Sou parte dos deuses e da realeza A mistura da felicidade e da tristeza Canto e recanto em silêncio Escuto os meus pensamentos Vozes que vêm do alento Preces de força, do firmamento Estou nas velas que eu ascendo Sou as preces que ofereço Na labuta diária, o agradecimento Na oferta e no sentimento A fé vem antes de receber E se torna mais forte ao agradecer Transforma ao pertencer Revigora na evolução do eu, crescer Minhas orações não são só minhas São de quem e pra quem se confia De meus ancestrais e de meus guias Uma oração a Ogum e uma Ave Maria Bom dia, pois é mais uma dia Entre o céu azul e a floresta cinza A respiração que enche e esvazia No sol quente e nas paredes frias
Eu vi a minha fé se fortalecer na ausência E o que impulsionou foi a sensação de impotência Ao ter a mente inquieta, entendi a paciência E ao abraçar a solidão, me desapeguei da carência Pois foi o Sol, a Lua e as velas acesas O choro e a gargalhada na rua das friezas Na Avenida da Saudade, a profundeza Mas na Avenida da Amizade, toda a pureza Eu vi as estrelas em um céu distante E distante da cidade, estrelas no chão Na beleza de um horizonte intrigante Como se fosse o reflexo e a reflexão Onde a vida também imita a arte ao se recriar Se reinventar, ressuscitar e assim, se libertar A minha fé e oração estão mais intensas E isso não tem haver com as crenças Vai além do que tenho ciência e consciência Não sei explicar e essa é a recompensa Saber que nada sei é absorver E nunca perder é compreender Que poucas vezes eu irei vencer Mas muitas vezes, irei aprender O trono da fé é o meu ori É onde eu aprendi a sorrir Nas adversidades reluzir E na bonança, apenas sentir