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Mostrando postagens de abril, 2014

Logo Cicatriza

Conheci mais de quem não é desse tempo Do que, de quem acabou de sair dessa minha vida Senti mais das águas, das terras e do vento Do que, de quem eu ousei clamar, minha querida E hoje é só uma mera ferida Mas eu sei, que logo cicatriza

Mãos, Ceivas e Ceifas

A pressão cai A visão se vai Todo mundo sai E aí, tu sabe quem é mais O inferno em paz O caos sem cais Na raiz e aqui jaz Corpo na terra, sobe em gás Devolva à terra O que é da guerra E ao Universo O que é do verso A verdade o libertou...

Direto e Reto

Fala pouco Mas direto como soco Com foco, te ouvirão até roco Dizem que todo intelecto vem de um louco Não é confundir, é nos fazer filosofar Não é só dormir e sim acordado vir a sonhar Não é só refletir, é brilhar e aqui cintilar Não é só a fé sentir, é lutar e assim acreditar Seja você, direto e reto Mas saiba que em todo o brilho há algum reflexo De coragem seja repleto Concreto, afeto, infecto, honesto então, complexo

Sá e Mantra

O cravo e a rosa Minha poesia e a prosa Sua, minha, nossa Sem veneno, espinhosa O olhar que me infarta Me traz sorte Aquilo que não me mata Me faz forte E a guria que me fala de longe Lê todas minhas poesias de monge

Entre Seja o Que Deus Quiser e a Minha Fé (Eu Sonhei)

Eu falei Eu sonhei Eu orei E me calei Sabe, só eu eu sei Por tudo que passei Contra o que lutei E como eu conquistei Escuro e no muro só as frases de neon No frio estou protegido com o meu moletom Não te ouço, estou de fone ao meu som A mesma voz, a mesma cor e o seu vasto tom Caras e crases Em farras e frases Barras e bares As laras e os lares Vendo meu clipe que não venderei aos leões Um vão dos que vão em vão, vagas as razões

Conto de Foda-ses

Não precisa revolucionar É só saber somar, então, aqui estar Não precisa mais idealizar É só saber se adequar e multiplicar Cansei de ir atrás da princesa Acordá-la com um beijo de sapo encantado Tornar-me príncipe da nobreza De bandeiras brancas por todo meu reinado Mas estar cansado, não significa ter desistido Como apaixonado, não significa ter se derretido É sobre os gelos e zelos Castelos e apelos Igual ao singelo modelo Paralelos e selos Estou aqui e sabes que não fiz só por mim Entre nãos e sins, existe um início, meio e fim

Civismo

Consequências e não momento Impotências ao sofrimento Desistência em arrependimento Sonolência ao pensamento Há temperança, mas há pouca esperança Uma vizinhança sem segurança Há semelhança, mas muita desconfiança Quem se lança, faz sua aliança Dores nos pés, braços e mão Mas temos fé, laços e missão O organismo sem racismo O mecanismo sem idealismo O abismo sem reumatismo O fanatismos sem ceticismo Tudo que pode coexistir Se a luta pela paz persistir

Opiniões de um Lobo

Eles nem vendem mais o bonitinho Vendem a degradação Não tem mais rosa, apenas espinho Coca-cola sem geração De um ser heterogêneo a um ser homogêneo Do múltiplo ao comum Do diferente e diverso ao ser igual, o mesmo Estão indo a lugar algum Não é homofobia ou sociologia Nem uma teoria ou vaga teologia Mas nós passamos por um ciclo de involução Tiram sua inspiração o infectando com repetição Onde a liderança é só mais uma mera atuação Dominam os mais fracos e dividem toda a nação Juntos nós somos mais, e bem mais fortes Surdos somos normais, e assim, jogados à sorte Cegos somos semelhantes, simples recortes Mudos, aí nem digo muito, sim, jogados à morte Eu tentei falar pouco e ser bem direto Mas você me pediu algo mais concreto

Répteis Modernistas (Oração pra Alma)

Contrações e vertigens Viagens ao centro de sua vasta terra E dentre veias e raízes Calor de batalha interna, sua guerra Enfrentar-se por mais que profundamente Vencendo a ti mesmo, então encontrar pelo que tu deverá lutar Consciente coeficiência inconscientemente Calado se fala mais do que em berros, é em verdade se libertar Repetimos palavras já ditas Para que um dia, tu reflita Vire a página, a folha Faça de seu destino, sua escolha Plante e assim, colha E não desista por calos e bolhas A sua força está em você E não, com o que soca O equilíbrio está em você E não naquilo que toca

Tractus (Por Extenso)

Eu cresci, mas não deixei de lado Minhas poesias de colorir Mudei algumas sombras e traços Melhorei depois de corrigir Alguns dos meus amores da infância Eu amacei e joguei no lixo Ainda que eu desenhe em esperança Recriar é meu maior vício Papel amaçado não é a mesma coisa Então do caderno, eu retiro uma folha É claro que, enquanto ainda tem...

Gradus et Pax

A loucura na luta pela paz Uma amostra de ideais A criatura que deseja mais Alpha e ômega em cais Luz do porto Que nos guiará contra o sopro Alma e corpo Meios e fins, afim de um outro Escolhas e não, encolhas...

Cláusula

Nós não estamos preparados para morrer ainda O que nós fizemos por esse mundo? Não deixamos nenhum legado de herói em vida No perigo que vem a cada segundo! Nós temos medo... Não há nenhum segredo

Termos e Sidos

Deixamos todas as lembranças ruins de lado Quando nós, somos os deixados Incertos fatos, de termos sidos consumados De imperfeições, acostumados Eu te amei e espero que esteja bem...

Casmurro, Sussurros (Picharam os Muros)

Captura, um olhar de cachaça Capitulo mais sem graça O capitão perdido numa praça Capitu e a cura da raça Fecho o meu livro Meus amigos estão chegando de outra cidade Os que me livram Me fantasiam na realidade dentro da realidade Matando nossas saudades Ressuscitando toda verdade

Inversos, Infernos

Observar de fora é mais simples E racional em qualquer momento Mas e se toda razão fizesse parte De todos os atos do pensamento Então nós deixaríamos de sermos cegos propositais Ou até de acreditarmos que todos os amores são reais

A Mulata e o Pirata

Eu já falei muito Sobre os sonhos, caminhos, loucura Eu já falei muito E nem eu quis me ouvir, em bravura A delinear na minha procura A reeditar a minha cultura A me perder em sua cintura A recriar a minha criatura Fiz da chuva, uma pintura Onde toda a cor se mistura É nosso sorriso em fartura Onde fazemos a nossa cura E quem fatura, tem ternura e tem candura Não há tortura e sim horizontes na moldura O racismo é o ato mais irracional Do ser que se diz o racional superior E fazem a divisão na classe social Norte, sul, pontes, centros e interior A diferença é o que é colocado em sua visão Filhos do Universo que lutam pelo mesmo pão E eu, eu me apaixonei pela mulata Igual ao brilho caolho no olho de um pirata Num rebolado de ouro e de prata Cerveja na lata, ela me puxou pela gravata Sem chances, pois ela não será minha Eu já sou dela e do meu peito, já é rainha

Enclausura

Uma estrela, nessa mesma noite olhou para a Terra Teve inveja da vida simples e desistiu de brilhar Observou que todos nós sorrimos mesmo em guerra Fez-se cadente e voou até um sonho se desejar Caiu e virou estrela do mar, um desejo não realizado Mortalizou-se e martirizou-se sem ter de fato, cintilado Em meio a tantas outras era só mais uma, imortal O céu é lar muitas estrelas e raras constelações E de não ser bem apreciada, hoje reside no litoral Daqui de baixo, agora observa suas superstições Se arrepende por ter perdido a liberdade e agora só espera Por outra estrela cadente, e, fazer um pedido a sua mãe Era

Entre Muralhas e Estradas

Ao redor, rumor Imparciais à impor Unidos ao humor O vale e seu valor Uma raiz em rigor Vamos à todo vapor De liberdade e licor Em sabedoria e sabor Autônomo autor Representa ao repor Ter mais, temor Vigiados com vigor A dor em ardor O dever e o devorador Vá em paz vapor Trazer paz, ao transpor A insonia do sonhador Os gestos do gestor Ser vasto e devastador A pressa do opressor A criação e o escritor A superar seu superior

Estopim

Olhe para o lado e encontre o tesouro escondido Tropece, se não estiver observando direito Letrados falando igual anta e donos, igual bandido Se dá pra compreender, não, mas respeito Embora sinta uma ânsia mental pela arrogância Eu não me rebaixo ao resto em sua vasta ignorância Tento sempre tratar com educação e elegância Mas em toda esperança, reside alguma intolerância Curto ou não, todos temos um pavio prestes a explodir!

A Dança

A dança é aquela liberdade do seu corpo É sentimento despreocupado Não liga pro que passa na mente do outro É beleza rítmica de seu estado Mental e de espírito Não importa o que tenha acontecido Ou que tenha escrito É momento de descanso ao que reflito Vem da raiz dos nossos antepassados nobres Maracatu, Cangaço Aqui é samba, axé, batuque indígena e folclore Universo e Espaço

Planeta Sonhos

Começo a escrever e estou aqui de novo Bem fora do meu horário de sono Pode se buscar a Lua no fundo do poço E estar longe dos simples sonhos Mas quem é que deseja sonhar com o simples? Quanta habilidade É só mais uma contabilidade E tanta habilidade Ágil em toda a sua totalidade Olho pro céu, enquanto ele ainda é o único limite

(Intro) Espectro

Ainda estou deixando minhas pegadas nas areias da praia E ouvindo o som dessas ondas Ainda entrando no mar com a maré da Lua cheia que raia Ao que se esconda ou encontra O vento e o tempo apagam e trazem novas marcas O vento e o tempo levam e trazem as novas barcas De tantas frases bonitas e que já tenho formuladas Eu não conseguir me expressar a ti, é minha maior frustração Posso falar de minhas dadivas, sonhos e fantasmas Talvez eu consiga te atingir em formato de poesia ou canção Mas é porque tu ainda nem tem nome pra mim És fase de isolamento, mascarado no mero sorrir Confuso? Confuso é esse cemitério na cabeça...

Discos

Caçando o disco voador Ao som de um de vinil Após um filme de terror Você veio e me sorriu Virou aquela minha poesia boba Dentro de um caderno de heróis Te quis numa canção bem louca Na desarmonia dos meus lençóis Eu me senti como num primeiro romance Transformou-se na estrela ao meu alcance

Café e Cachos

Meu tesouro era uma menina Hoje me faz sina Um sinal de luz em neblina Quem se fascina Sou eu, por ti guria Se encontra sempre em minhas rimas Dói, eu não quero tomar vacina Mas é pra sarar dessa nossa cafeína Tomo quando começa e termina O dia, que se determina Vício natural Alguém pra amar e sal Delírio final Salva o mérito infernal Girassóis de caracóis Em nós, todos os faróis Aperto os passos quando eu te vejo São os desejos pelos seus beijos És minha força externa de guerreiro Por teus acalantos, não fraquejo Todo dia eu não vejo a hora de ir embora Só quero o café de quem será minha senhora

Botecos e Parafernália Mental

Oriente-se Horizonte-se sem calvário E o Amém Pois o Amém é necessário Não seria se o: Que assim seja Não suportasse um : Que aqui esteja E não tivesse o: Que aqui veja Talvez não lutasse pelo que se almeja E se pula a simetria Na gula de uma parametria Em dupla, duplicaria A carência e sua caligrafia Começa a ficar confuso Quando você, é quem não entende Começa a ficar excluso Quando você, não segue em frente Enfrente... Por trás da deformidade Há uma beleza e sua arte Por trás de extremidade Há um peito que se parte O sedento e o paterno sedentarista O teórico e o seu interno terrorista A causa sem efeito É a pauta em defeito

O Brando e eu, Prando

Quem se entrega É refém das tréguas Se rega ou cega Se nega ou coopera Já eu, vim das regras Vivo nas guerras Livro-me, das trevas Liberto as feras Então sigo o delinear da Terra Que não é plana aos meus planos É plena onde inicia ou encerra Ciclo dentro de ciclo, vai errando Aprendendo e concentrando Arrependendo e concertando

Todo Navegante Errante

Aluno de Netuno Um gatuno noturno Minuto oportuno No fundo, o tributo Um fruto O adubo E defunto Ao turno Um fluxo real e bruto Desce e padece tão absoluto Resoluto como vulto Insulto eterno, interno, reduto Na masmorra Corra ou morra

Covas

Conte novas histórias aos velhos E velhas histórias ao novos Dê comissão na mão do honesto E ele terá poder nos povos O ouro nas mãos de quem não sabe andar Eu trafego, eu me apego e então eu sossego Os tolos nas mãos de quem não sabe amar Martelos, pregos e o ego que te deixa cego E nós ainda estamos vivos Queremos mostrar isso Racionais, latinos e gringos Uma tarde de domingo Num País em que votar, parece que é voltar atrás Covas de um sorriso e lapides de preces pela Paz

D'Arte (Dia de Reis)

É outra pessoa Cortou o cabelo E não foi atoa Andou à camelo Abriu os seus braços E guiou só com o peso do corpo Amarrou os cadarços Vem e volta no vento e seu sopro Ele se fez de barco à vela Cantou louco de rum Sem rumo, farol e capela À beira amar, mais um

Temporal

Muitas nuvens juntas E eu não vejo o que cada uma representa Escondem Sol e Lua A união que na sua escuridão se apresenta Que em imensidão se faz tormenta Que em alucinação, zera e lamenta

Acalento e Partilha (Lua de Sangue)

O mundo não é Plano E em nossos sonhos não tinham as Quedas É um caminho Cigano E se engana o que não acredita nas Trevas Se guiando e se re-guiando Desviando e assim recriando É tanta felicidade estampada numa máscara Que até acreditamos que teu sorriso é verdadeiro Perdão não se dói, se doa numa atitude rara Tudo o que plantamos nascerá após um nevoeiro Em nosso terreno de Sol e Chuva Ou no terreiro observando só, a Lua E é tanta maldade que nem dá para acreditar Oramos por paz, quase que unanimes e solitários É doar ou sair do ar, saudade não é minimizar Sangramos como a Lua por trás do céu operário Que é arbitrário em neblina a esconder E é apenas um céu vermelho a aparecer A beleza está na natureza Nem toda nobreza está na realeza E nem toda dureza, na frieza É na pureza que se enxerga clareza

A Arte é um Fato

Provérbios Em prol, verbos Pró-versos Após, sucessos O pó é que é honesto Ele é um gesto do resto De imediato O nosso artefato Sem contrato A arte é um fato Surreal a nosso tato Horizontal ao exato O mato e o contato Pescoço em ornato Uma visão paralisada Dividida e assim, requintada A mente concentrada Estagnada, então concertada Penso, logo existo Repenso, logo resisto

Trevos e Trevas

Defina uma história que seja de final feliz Morrer sorrindo? Dê nota à denotação na indiferença civil É correr caindo? As batalhas em cada classe social As disposições e sua posição racial Imposição de mais uma era glacial De trevas em situação nada parcial Se atreva e escolha o seu lado da evolução Mas nunca sinta ou sente-se calado à revolução A idade te educa ou te caduca?

João de Barro

Casa de madeira Uma fiação de gato Queda na ladeira Vizinhança de ratos Pássaros em silencio Atrás do muro, um cão Vira-lata aos lamentos A raça em sua projeção Crescer, vencer Favelas, velas em janelas Um amor tecer Quedas, celas e donzelas Todos rezam em suas capelas E pra tudo se tem a sua parcela

Mata a Dor

Entra na disputa E luta, mas que não surta Usa sua conduta Respira, observa e escuta De seus raros, recruta Aos mais caros, faz consulta Do cinza que desfruta Rouba a brisa, junta e chuta  Renovando a geração Morrem heróis da velha tradição Batalhão em formação Toda revolução terá continuação É preciso mudar Lutar e se assegurar O troféu levantar Depois de se afundar As cicatrizes  São de quem trabalha E esses calos São de quem batalha Seu vício Te leva a um hospício O reinício Se escala no precipício  A força se faz ou se refaz Quando se encontra a paz

Meu Amor, Cansei de falar de amor

Cinza escuro A noite depois do muro Fruto do futuro Para todos os impuros Proteste Tenha um pretexto Conteste E fuja do contexto O seguro e o obscuro O ar puro e os apuros O maduro e o imaturo No vento, me aventuro Sem censura, nem tortura Amar cura toda a amargura Sua ditadura, triste, tritura Pintura, explosão, estrutura Bravura ou brandura A crença e a criatura O mito e sua mistura Seu estado e estatura Estão me enchendo de histórias E brincando com minha memória

Chão de Cale-se

Eu só seu que nada seu Sorvetes a quem sofreu Correntes a quem correu Um foda-se e se fodeu Só meu que nada é meu A conta e o que aconteceu No terço e no que teceu Se doa, mas doa a que doeu Não está morta, a queda amorteceu A queda acrescenta a quem cresceu

Avocação

Acorde Com um sorriso disposto no rosto Acolhe Com o brilho exposto à seu gosto Você tirou o meu chão Pude voar com um só olhar Aprisionou meu coração Se me livrar, prometo ninar Te levar E elevar

4 de Ouros

O futuro muda a cada ato Não há sonho linear É escuro e talvez ingrato O plano e o realizar Mandamos mensagens nas garrafas Que apenas poluem o mar e ninguém lê Há informação em maço de cigarro Não é interessante a quem quer morrer Eu sento na calçada respirando poluição Pego o violão e transformo tédio em canção

Terno

O que eu preciso É impreciso A paz é o motivo De estar vivo Vem de um sorriso Simples e afetivo Me equilibra em juízo Sem compromisso Na tarde, só penso nisso E anoite, vem, vem comigo

Jardins

Talvez nossas histórias se conectem Delinear aos que o obedecem Dentro das profecias que acontecem E aos ventos que nos oferecem De toda luz que nos fornecem Na escuridão que desaparecem Nas Estações e nos Jardins Da Sé, da Fé e do Sim Flauta, clarim, gaita e festim O reinicio depois do fim Tudo que refle, faz sombra...

Jardim Verão

Mutáveis do conhecimento E da insanidade Sabedorias, renascimentos Nessa humanidade Reencarnação aos que verão Os monges que virão Farão a atração da multidão E em oração, subirão Sumirão no Verão Dos que se vão Pra outra geração Em outra nação A paz precisa acontecer Antes do mundo perecer

Jardim Primavera

Eu sei que ronco de noite Não há um cavalo que eu monte Não sou um nobre da corte Mas suas histórias, quero conte Não quero que venha e ame minhas imperfeições Basta sorrir, me olhar e estar em minhas orações

Jardim Inverno

Não cai do céu Mas é o gelo e o fel Sem pecado, réu Preces em mausoléu Chora, ora Outrora e agora Frio lá fora Dentro, a demora Onde a metáfora mora Sorte, ferradura e espora

Jardim Outono

Há muito tempo Tu não ouve os outros Quando começa E então não fala pouco Talvez poucas e boas Que você nem sabe o como soa Tempo que vem e voa Os olhares de quem não perdoa Névoa e lagoa Mágoa e proa Tempestade e tormento Erros e arrependimentos A morte, o renascimento O fim e o seu firmamento Não se esconde o passado Ele não é você, mas faz parte do seu ser Quem já esteve ao seu lado Vive sem  você, faz parte desse crescer

Nei Gong

No berço Um beijo No terço Um texto Nina A sua menina Sina Que te fascina Do outro lado da China Aqui, a faxina Enquanto, se determina Não termina A história continua Nas ruas e na Lua Na alma que flutua Ela virá, se for tua As suas preces São pelos olhos fechados Então se aprece Se quiser ela ao seu lado

Ascendente

Em algum dia Eu já senti saudade de me apaixonar Até que um dia Eu me esqueci de como é se lembrar Porém de sua insistência A água esculpiu à pincelar esculturas Cachoeira em resistência Deságua e singela à cinzelar gravuras Nosso coração precisa E a alma não fica sozinha A introspecção é um estudo De si e do mundo Oração de espada e escudo Em paz ficar mudo Os pensamentos falam E os sofrimentos se calam

Café da Tarde

É aprendendo que se ensina Mas às vezes não queremos transparecer nossos sentimentos É caindo que se viva a vida E também se erguendo, reerguendo e obtendo conhecimentos Versar cotidiano Não é vedar o que há por baixo do pano Selar sonhando Não é dar alguns passos atrás nos planos Quer pular, mas qual é a sua ladeira? Quer sucesso, mas qual é a sua carreira?

Crases de Quem Há

Pensar antes de agir e chorar antes de sorrir Andar pra cair e então levantar para conseguir E não sentir a saudade de quem antes era Só querendo descansar um pouco dessa guerra Nossa vida não é bela, não é uma novela É essa grande cautela em serrar grades da cela A verdade, a liberdade ou uma donzela E sem olhar pela janela, sair de casa atrás dela Impulsionar o peito por terra, grita, berra Até erra, depois acerta, a quimera que se opera Muda a atmosfera, faz do inverno a primavera Sem cólera, sem miséria Cicatriza-se da espera, aos sonhos que venera Faz da opera, sua inércia Pensar antes de agir e chorar antes de sorrir Andar pra cair e então levantar para conseguir

Fantasista

Tenho pensado demais Esperando por paz Como navio, farol e cais De fantasma sagaz Mas armado contra um jamais Escudo mais do que eficaz Mesmo com meus medos reais Sabendo que eu sou capaz Que posso mais De uma crença tenaz Que posso mais Onde o sonho se refaz

Fractal de Sonhos, Passado e Realidade

Eu já posso guiar minha bike sem as mãos Respirar de braços abertos sem ter direção Sentir os ventos e a adrenalina no coração Dá até pra fazer uma poesia ou uma canção Observar as árvores, pássaros e gramas Depois voltar sem preocupação ao meu quarto, cama Ligar o rádio no hip-hop, rock ou samba Deixar falar, as frases interpretáveis de quem me ama Acordar apenas pensando no futebol Pipa, peão, corrida ou no sol Fantasmas e olhos furados num lençol Festejar um fim de semana só Pés descalços, sujos de asfalto de terra e mato Pular o muro da casa da minha vó, que já nem é mais alto Me imaginar o herói salvando ela de um assalto Fazendo desenhos em papéis que tinham sido amassados Almoçar, deitar, cochilar no sofá Até vir a sonhar, voar e acreditar Então acordo nos dias de hoje e já estou careca É bem péssimo saber que não existe mais aquela época O despertador atrasou, entrou em modo soneca Disparo da cama, corro, capoto e tropeço na hipoteca Já não sou mais

Táxi

De todas essas mentiras Só queremos a liberdade Em toda e qualquer saída A esperança pela verdade A ira do Universo Um tapa no ar para esmagar o inseto Cairá em concreto Então no chão reconhecerá o inferno A Morte está viva...

Minguante

A banda da vizinhança O futebol das crianças Esquinas e esperanças O manso e a vingança Casas, bares e igrejas Cachaça, vinho e cerveja De certeza e incerteza A explosão e sua beleza A luz começa a apagar Os carros já começam a passar Esse filme já vai acabar E os sonhos começam a chegar Então você para e olha pra tudo isso E descobre que não segue o mesmo ciclo

Terra Vermelha

Apagaram o sonho de ser pintor Com um pincel cheio de tinta e sangue Recebeu as honras de um vencedor Mascaradas no triste sorriso da gangue Faísca, fogo e fumaça Rabisca o rosto e amaça Fábrica de foice, disfarça Se arrisca, resiste, sem raça Está sem graça Foge de toda ameaça Alguém diz faça E ele pula sem asas Rua sem asfalto Reféns do assalto Apenas olha pro alto Em preces a um bom ato Mas ele só vê ratos Então se encolhe novato Aprendendo com esses fatos Taxado de ser um bicho do mato Mais um filho da estatística Todo o dia perdendo a vida

Abril (Música Inédita)

Um amor pra recordar E outro pra recordar Um laço pra destroçar E outro pra desonrar Uns escolhem os melhores capítulos E outros escolhem os melhores livros Uns te cumprimentam ao levantar mais um troféu Só que entre o mel e o fel, existe um amigo fiel Aquele que te abraça quando esse Mundo é cruel Sem precisar olhar pro céu, um anjo de plantel Te faz visita quando és um réu Ora para volte logo do quartel Não vem montado num corcel Mas, é um herói em seu papel Um terço nas mãos e o resto nos bolsos Dezesseis toneladas pra te livrar desse sufoco Um violão e o sorriso estampado no rosto Humor que te salva do imposto e do exposto Mas você, nem saiu de casa ainda...

Dogma

E sem pressa O Pra Sempre se fez Um aniversário Sem data e sem  mês Alguns anos e anos luz Os zilhões não me fariam exato Alguns sonhos comuns Grão e praia, paisagem e retrato Meu bloco de notas Minha lista de telefones Meu mapa em rotas Minha lista de pronomes E sem pressa O Pra Sempre se fez de cortês Recontou-se E recriou mais um Era uma Vez

De Veras

É muito amor Pra tão pouco abraço Tapa nas costas E um cigarro do maço Pedindo um tempo Observando mais o espaço Horizonte sangrento Diferença entre nós e laços O início e o fim As águas turvas e o cansaço Vapor e gravidade Moldar pedras, metais e aço Uma Primavera de nosso Universo Sorrisos concentrados ou dispersos

Angra

O encanto não há Quando em canto está Sá enquanto se vá Alcione que é pra gente sambar O jukebox e é pra já Se joga no meio do sofá Um suco de maracujá Pede pra sair da minha sala de estar O aqui ou acolá Não importa o que virá Esquece o bafafá Vem pra cá me sonhar e se realizar Venha ser correnteza de minha enseada Venha dormir assimetricamente cansada

Alude

Em pele de cordeiro Reflete-se no profundo espelho O seu olhar certeiro Degradê de escuro e vermelho Tosse primeiro E depois se afoga e cai de joelhos Para o ponteiro Arrepende-se parelho ao conselho És herdeiro de um o nevoeiro E indeciso ao terreiro e ao bueiro Não se reconhece por inteiro Está no estreito do adeus rotineiro

Teatro de Filosofias

Um pensamento E logo existo Dois pensamentos E logo resisto Três pensamentos E logo reflito Quatro pensamentos E não desisto Mais pensamentos E já entro em conflito Menos pensamentos Não... eu ainda existo Cabeças nas nuvens e pés no chão Não, não, eu ainda exijo Se ainda vago errante a esse apagão Não, não, sigo meu caminho Penso, logo demoro a agir Pulo, logo começo a sorrir

5 Horas de Sono

A pressa A prece E o pra sempre A queda Aquece A luta da gente O olhar foi determinado Aquele de já ter terminado Anda Corre Manda Socorre Samba Escolhe Bamba Encolhe A hora passa A roupa, a traça Amigos, praça Conta, de graça Teoristas de bar Poesias a encantar A sorrir e chorar A se ferir e sangrar Entre vir e cicatrizar Intervir e reinventar

Rede e Violão (Atlântico)

Solos tão iguais Eu acho que já ouvi essa história Uma outra praia E o mesmo mar que o de Vitória O refrão que te lembra alguém A rede que não te leva a nenhum lugar A sobremesa que te faz refém Nas bençãos da Lua e do Sol a sugar O reencontro com você mesmo É aquele, que você chama de fuga A sua oração ao seu bom senso Um momento, que do tempo aluga No Xadrez é uma batalha de preto e branco Na harmonia é só a composição de um piano A tática para a paz é cantar É a nossa prática de sonhar Na gramática de se poetizar E é na matemática de somar Dividir para multiplicar Sucumbir para ressuscitar

Prévia (12:12)

As palavras Têm esse poder assassino Os trânsitos São astrais ao meu destino As pedras Não são quase nada no caminho As quedas São passiveis de cura no carinho A explosão É de um pavio que se aqueceu Em pólvora Curto ou não, todos tem o seu A alma Só deseja a liberdade desse corpo A sala É de estar, é de vindas e de sopros Dedilhados em sincronia com a criação Vem a beleza, vem a paz, vem a canção

Amônia

A garganta seca E sem forças para gritar A mente inventa Algo que eu possa pintar Mas é surreal Como andar sem abraços e com as mão vazias Joelhos afinal Doem menos que o meu peito, onde você jazia

Outono e Horizontes

A luzes caem Sobem A estrela vem E some Posso ser um tumultuo de pensamentos Lançados ao firmamento Mas não sou o tumultuo de sofrimentos Sou sem arrependimento Sou parte das estações Ferroviárias e temporâneas Sou parte das atuações Imaginárias e instantâneas Você apenas observa ao modo que deseja E se é o seu tipo de final feliz que almeja... Então, Fim!

Quatorze

É mais do que se pensa É mais do que você pode esperar É mais e assim aumenta É mais, mas é lamentar ou superar Fractais, tais como um adeus Vai, jaz, não mais, um dos seus

Uniforme

E se não tem poesia Será um dia robótico Cheio dessas teorias Filosofias ao caótico Placebear-se das próprias mentiras E descascar as suas próprias feridas Se refazem de caminhos lógicos Periódicos e metódicos Se entopem de seus antibióticos Venenos alucinógenos Já são seis da manhã...

Enfado

Franco direto Destino certo Se é esperto Saia de perto Seus pensamentos abertos Se quebrar, eu não conserto Se explodir, gruda no teto Se for se prender, não liberto Pecados no paraíso e provações no deserto Nem a sua mão, eu aperto És pedreiro, arquiteto do que tem encoberto Solitário de próprio decreto Às vezes espera o Inverno E às vezes espera o Inferno

(Uni)Versos e Meu Mapa Astral

Teoremas e temas Burlar o sistema Problema, poema Nosso esquema Sol, chuva e gema Tarde de cinema Loucuras estremas Um só telefonema Eu vou aonde você esteja Tomar suco de morango ou cerveja Porção vinda na bandeja Nosso champanhe, espuma e cereja Café pronto na mesa Alimentando-me de sua beleza Em nobreza e realeza Cabelo bagunçado da duquesa Sua riqueza É sua certeza A Princesa Não é indefesa Tem seus artifícios Que são fogos de meu vicio Me tira do juízo E preenche todo o meu vazio

(Sis)Tema Vulpino

Somos de diferentes religiões E de várias regiões Somos de demasiados padrões E de alguns patrões Mas o fanatismo Foi criado pelo capitalismo Falso catequismo De leis e nosso surrealismo Cada macaco no seu galho Protegendo o milharal, espantalho Feito uma carta de baralho As perfeições de um sistema falho Nós não sabemos pra quem pedimos ajuda Se estamos falando com um Buda ou um Judas