Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2019

Comum

Sem palavras pra expressar o que é Sem ter travesseiros para gritar Sem espadas para impor a minha fé Sem escadas, sem chão, sem ar Tudo parece tão pequeno Tudo parece tão imenso aqui dentro Tudo aparece, quero silencio Tudo aparece, quero sumir no sereno E queria estar sereno na verdade Mas o ódio de tudo me invade E até preferia quando era saudade Mas é tudo, o cinza da cidade Eu gosto da noite e das luzes distantes Estrelas no chão que vão se apagando aos poucos E eu gosto de me sentir mero figurante Das histórias que eu crio e de o todo papo de louco Mas com o tempo eu fui parando de criar E algo foi se perdendo em meus sonhos Então me perdi no que deixei de me tornar E mesmo assim eu continuo compondo Talvez são músicas que se perderam com o tempo Sem melodias, apenas as cicatrizes e os remendos

Luthier

Reafina e desempena Reconstrói, alinha e arruma Troca o que não presta Limpa os detalhe e reajusta Reafirma o que foi belo Embeleza o que não tinha mais valor Desempoeira o singelo Empodera no desflagelo do se impor As notas em seu timbre Os tons em seu selo Deixa de ser o simples Recebe o aconchego Mais zelo ao velho Mais belo do que o novo Mais apelo e afeto Mais tudo do que o todo Mas meu tudo Que foi renovado por um luthier Interno, fundo Externo o som com louvor, prazer E é nessas horas Que a minha poesia se renova Dessimetria, bordas Em curvas certas e retas tortas Minha voz nem mais se importa E apenas deixa a minha toada exposta Em mil perguntas sem respostas E uma vitória que veio de mil derrotas A madeira de tão lustrada, parece até mais verde agora Mas é veterana, não decrepita ou antiquada, é a Aurora

Abstrato em degradês de Cinza

Já foi quase morte como se a gente não tivesse vivido ou nem tivesse nascido Já foi pior, mas a gente reclama como se nunca tivesse aprendido Já foi sofrido e muitas vezes eu estive arrependido ou imerso em puro declinio E até o suicidio já foi nutrido no momento que me senti excluído Mas hoje vejo que a beleza é nada mais do que míope Tudo parece perfeito e tudo parece bem simples de longe Sei que todo sorriso tem seu preço, tem o seu requinte Em penalidade de alto custo a quem resiste ou se esconde Nós tememos a morte e até a sorte que temos E por isso nós sofremos, por isso nós nos arrependemos Mas é só com o tempo que vamos aprendendo Que é sempre mais de mesmo, é sempre um dia a menos É saber dar valor É fazer, dar sabor É caber no favor É trazer, ser calor É só observar a nossa volta para perceber que a realidade é cruel Que tem gente que está mais na merda do que você ou eu Não consigo acreditar na tal Palavra, eu nem sei se existe um céu Não consigo enten