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Mostrando postagens de outubro, 2020

Chamas

Deixei de conhecer tanta coisa Enquanto eu permiti a minha cegueira E muitas vezes eu quis voltar na caverna Só para ver as sombras na fogueira É difícil, porque quando saímos no Sol Os olhos não se acostumam de cara Parece impossível quando o vício é o habitual E nos adaptamos à mente falha Quanto menos energia gastamos, menos queremos gastar E quanto mais gastamos, mais nos desgastamos Mas se é recíproco, nós temos ela de volta Só que às vezes são migalhas a qual nos acostumamos E só um recado, não seja luz a quem não é chama Pois assim, deixamos de nos chamar Esse é o nosso pecado, o de amar quem não nos ama Pois assim, deixamos de nos amar Seja a luz, mas não permita que sejam a sua escuridão!

Tatuagem

Quem é que decidiu o seu lugar Para te pedir que você se ponha lá? Quem te disse para ser de ferro Se você é apenas carne a enfrentar? Somos todos iguais até certo ponto E depois dele é cada um que segue a sua evolução Somos todos iguais até certo ponto E depois dele, cada um consegue a sua destruição Saiba, nenhum caminho é perfeito O amor não deveria te machucar nem ser a sua culpa Ele deve ser a sua cura em conceito Seus cortes precisam ser cauterizados dessa angustia Pois essas cicatrizes são aprendizados que foram tatuados na sua alma Que você pediu para pintar num lugar escondido E não vai querer mostrar ao mundo, só para as pessoas mais chegadas Apenas espero que você não tenha se arrependido Pois a pintura é bela, não viva, mas ainda assim é Bela!

Tão longe

A minha mente ainda anda tão confusa E o meu peito parece vazio, sem nada a aquecer Pois foram tiradas partes tão profundas Eu tentei fazer dar certo e depois tentei esquecer Eu não desisti até o meu ultimo suspiro Mas eu entendi que é preciso morrer para renascer Me retiro, só não sei quando ressuscito  Fico aqui no purgatório das emoções, a reaprender Eu preciso e quero sentir o ar como antes Mas não consigo e observo o meu corpo de fora É tudo automático em apáticos semblantes Onde está o sorriso, os abraços fortes e o aurora? Tudo vai embora e passa rápido, mas demora A alma chora, deteriora na mais triste sonora Eu sei que preciso voltar ao meu corpo Mas é tão bom aqui, longe de todos Sei que eu quero tentar, sentir de novo Mas é tão bom aqui, longe de todos

Oi Princesa

Ensaiei mil mensagens bobas e mil bem elaboradas Ensaiei e eu não consegui me expressar Eu tive medo que a despedida estivesse concretizada Ensaiei e não consegui parar de ensaiar O adeus pode acabar com a esperança ou a ilusão Mas eu não sei o que realmente alimento Gostaria que fosse o real, que não fosse a escuridão Pois para mim não é incerto, é juramento E só não vá me falar que eu não falei, ou, que eu não tentei Ao tentar te encontrar, talvez eu tenha me perdido  E não te culpo, pois os sinais estavam bem na minha frente Fui desentendido e talvez isso tenha me impedido Hoje... Os conselhos apenas me dizem para tentar te esquecer e seguir Mas eu não sei se vou conseguir, pois essa saudade ainda me faz sorrir Eu não quero desistir de você, mas sei que preciso!

Bipolares

Se você vai em direção da luz, as sombras ficam para trás Observe que é sem erro, uma teoria básica e sempre vista na prática Nós normalmente buscamos a liberdade e queremos a paz Mas estamos sempre nos prendendo ou guerreando e bolando táticas O que realmente queremos é confuso de mais não acha? Estamos tentando chegar em silencio, sem sermos vistos e mantemos a luz apagada Mas tropeçamos, fazemos barulhos e acordamos a casa A luz ascende e o olhar é de julgamento, mas de alguém que esperava a sua chegada Nós temos visões deturpadas de apenas o que conhecemos A intensidade é algo momentâneo e gostaríamos que fosse algo contínuo  Talvez por isso nos frustramos, mas o corpo pede o silencio O corpo implora o descanso e a mente está sempre ativa, talvez discutindo Os nossos prazeres horas são impulsos, horas são repousos E essa briga interna é o que nos faz tão malucos em nossos sonhos Os nossos prazeres horas são o de acordar, horas são o sono Somos naturalmente bipolares, mas pilares na

Às vezes eu me aconselho...

Em eterno aprendizado, eterna evolução Ficar louco é a necessidade básica para nos mantermos sãos Pois são tantas turbulências em transição Que precisamos de uma dose de loucura e uma pitada de ação Pule para o alto sem rumo ou em uma água fria Deixe a intensidade atuar e se estimule Se abrace, sorria e seja a sua melhor companhia Deixe a imensidade falar e então se cure A renovação vem de você e de mais ninguém Busque a sua paz interior e tente parar de guerrear consigo mesmo Falando assim parece fácil, é só orar e amém Mas não é, eu sei disso, a libertação e a prisão está no que fazemos A ilusão vem da ação de mantermos os nossos olhos fechados De apenas sonharmos acordados e não fazermos nada É reconfortante, ao nos acomodarmos, a ficarmos alucinados E ao vivermos no pretérito, esquecemos da caminhada Mas depende apenas de ti, é seguir em frente ou é ficar parado Não dá para estar no futuro e nem mesmo voltar para o passado

Naufrágios

Não dá para mudar o rumo das correntezas E tem hora que é impossível remar contra a maré Quando entramos na ressaca das profundezas Somos sugados pelo desespero e precisamos ter fé Ter calma sem debater os braços ao naufragar  Temos que nos focar em sobreviver, economizar energias E seja onde for que as águas forem nos deixar Temos que nos recuperar e seguir em frente em harmonia É difícil né, mas essas são apenas dicas de sobrevivência Segue quem quiser seguir e só passa quem tiver paciência

Uma última faxina

Eu que não gostava, hoje adoro arrumar o quarto Limpar as poeiras e encontrar algumas peças perdidas há tempos Coloco músicas que eu nem lembrava, mas canto Canções que já fazem dez, quinze ou vinte anos, em sentimentos É nostálgico e me faz querer marcar reencontros Troco as coisas de lugares, a cama, os quadros e refaço os detalhes Amaço papeis velhos, faço um lixo de estorvos Reorganizo as gavetas, ornamentos, enfeites e ajeito o pé do raque E por mais que eu sempre mude as coisas de lugar Eu percebo que algumas coisas voltam para o lugar da outra vez Da outra mexida, da outra faxina e ao diversificar Vejo sempre algo repetitivo e padronizado em toda a sua timidez Mas percebo isso em lucidez e mesmo assim eu percebo que há mudança Não quero nada igual a ontem, mas tenho os pés no chão e a esperança Essa é a ultima vez que mexo nesse quarto A próxima vez será apenas para levar o que eu quero levar Sei que da próxima vez será um novo parto Sei que será despedida e mesmo assim não deix

Vitória e Salvador

Antes de voltar para casa, sem muito esforço Eu gostaria mais uma vez de botar os meus pés no mar Assim sentir o sal grosso levar o mau agouro Me libertar, respirar de braços abertos sem desperdiçar E apenas me dispersar aos ventos que as ondas vêm e nos trazem Observar o sol se por, enquanto a lua chega sem avisar Contar os pingos de estrelas que vão surgindo e então se desfazem Fotografar esse momento em minha mente e redesenhar Meus quadros precisam dessa paisagem solitária Emoldurados presentes a mim mesmo Minha alma, minhas pinturas, poesias e literárias Emoldurados presentes a mim mesmo Se ame mais e assim encontre a sua paz...

Buenos Aires

Sabemos que só o movimento nos traz a cura Pois o medo e a angustia trazem a paralisia E às vezes colocamos a culpa nas fases da lua Pois é mais fácil dizer que foi tudo energia Só que o tóxico não vem apenas de fora É um fungo que aflora no peito seco Embriagado ou sóbrio, amanhã ou outrora Vá embora e não volta, me dê sossego  Fui capaz de tudo o que estava ao meu alcance por ti Mas hoje, não quero nem te olhar na cara Era o sonho, o futuro que não terei saudade de sentir Silencio que um dia foi dor e hoje é nada Faço as malas, mas quem sai de casa não sou eu...

Guadalajara

No começo é tudo flor, é tudo infinito Mas as lembranças vão se borrando, vão se pagando E de repente um quadro que era bonito Vira um esboço e depois se torna uma tela em branco Nós apagamos porque queremos apagar Precisamos deixar para trás tudo aquilo que nos deixou para trás Apagamos o que não queremos lembrar Pois dói ver que foi bom, mas precisamos seguir e ficar em paz...

Lisboa e Coimbra

Agora é raiva e talvez uma breve surtada Não fui eu quem desistiu Mas sua atitude me fez dar uma estagnada Não fui eu quem desistiu Fui forçado a desistir e isso me deixou confuso Me deixou em parafuso, não, me deixaste pregado Eu tinha um ritmo e eu quase o perdi no escuro Mas eram só os meus olhos que estavam fechados Nunca foi reciproco ou real Estava apenas regando uma semente que não daria frutos Sei que eu tentei ser parcial E agora é raiva, murro em ponta de faca e socos no muro Voltei a malhar, a treinar e a focar nos meus estudos A gastar as minhas energias comigo mesmo E sim, não que antes eu tivesse parado com isso tudo Mas que estarmos juntos foi perca de tempo Você tinha uma mania de dizer que estava tudo bem E eu só queria saber a verdade Não leio mentes e eu sei que fugir é o que te convém Agora é raiva, não mais saudade

Londres

O problemas das borboletas  É meramente advinda de nossas redes estomacais E é uma prisão tão violenta Vistas na beleza do aquário, na mais mórbida paz A nossa essência é a liberdade Mas nós somos condicionados em vida, a nos prender A prisão se torna nossa verdade E somos forçados a reconstruir e com isso reaprender Sei que faz parte do amadurecimento e que só o tempo cura Mas não dá pra pular direto pra parte boa? E eu sei que essa pode ser só mais uma das minhas loucuras Mas não dá pra pular direto pra parte boa? Nos alertar, pegar um spoiler do final do livro E isso só para saber quem verdadeiramente deveremos ter ao nosso lodo Pegar a sinopse e os plot twists e jogar no lixo Sei que isso faz parte do meu lado ansioso e que tento manter controlado Mas minha nossa, eu estou cansado de sofrer e ficar sem ar Por quem não luta junto e prefere se esquecer ao enfrentar...

Napoli

O imediato é apenas o imediato, vem e sai rápido Nada muda a não ser o momento que passa E quando passa, volto a realidade de me sentir fraco Parece que foi tudo mentira, tudo uma farsa Mas quem mentiu mais, foi você ou os meus olhos? É, e eu que estava sendo sugado não percebia Mas quem mentiu mais, meus sonhos ou seus votos? Eu fui levado a um buraco negro de armadilhas  Você que um dia me pediu poesias bonitas Hoje apenas faz parte de todas as minhas poesias mais tristes Você que um dia me pediu de volta, reflita Eu voltaria mil vezes, mas eu não suportaria outras cicatrizes Ainda é difícil te deixar partir, mesmo eu sabendo que nós não estamos mais juntos É que ainda faz parte da minha mente e pior, faz parte do meu sorriso mais profundo O imediato é apenas o imediato, vem e sai rápido Nada muda a não ser o momento que passa E quando passa, volto a realidade de me sentir fraco Parece que foi tudo mentira, tudo uma farsa Eu odeio ainda te amar e não poder fazer nada que mude isso Nã

Paris

Tem coisas que eu tento te dizer Mas eu nunca te diria sóbrio Coisas como a solidão, a ilusão e o óbvio Tem coisas que eu digo com o olhar Com a dança, com o toque nas mãos Com o estar, o estar próximo Tem coisa que nos desaproximam Acho que encontro palavras que rimam Mas é um núcleo tóxico E sabes, sabes que sou canções Sou várias composições Em rumo ao ócio Eu sou aquela poesia triste Que resiste, mas guarda as mensagens Em trovas e trovões, em tópicos Sou um plano de ação Sem tática, sem execução Apenas na presença das fadas, do utópico Sou sonhos acordados Sou um eterno apaixonado Vendo tudo o que há de dispótico Sou as dúvidas que nos traem E nos atraem a perder o que poderíamos ganhar Sem o medo de arriscar, sem o medo de ser o que seria óbvio É... sou o óbvio Que fingimos não ser, mas somos Na soma do calor de nossos corpos!

37ºC

Há dores insuportáveis que vão além de um machucado Não se enxerga na superfície e nem é algo muscular Há cicatrizes que apenas você saberá onde está alocado Às vezes volta a doer e nenhum remédio faz passar Mas são coisas que nós temos que lidar Precisamos enfrentar, cuidar e combater de alguma forma E são estigmas que o tempo tentar curar São chagas dentro da sua casa que carece de uma reforma Sem trocar todos os seus pilares de sustentação Mas entender que um dia eles também se vão Sem deixar que seja em vão e receber a benção Entender a lição e se reconstruir após punição Sou um pecador sem religião e isso é tão confuso Sei das regras e tenho as minhas, abaixo o escudo e a espada sem atacar  É um TOC de criar pontes e raramente criar muros Mas é aí onde me machuco e percebo que também necessito me afastar Eu me protejo do frio, me silencio e tento não me expor Pois eu sei que a única coisa que eu sei entregar é o calor

Meu Deus, cala a boca um pouquinho Sócrates!

É real, a partir de dez, vinte ou trinta vezes É real, na primeira ou na segunda vez ainda é confuso Mas meu Deus, aconteceu, irmão, é real no mais claro português Entenda, eu daria tudo pela metade do que eu ignoro às vezes Gostaria de ter deixado de fazer coisas que não me acrescentaram nada Quanto mais procuro conhecer, me conhecer, mais eu percebo que nada sei Só sei que é real e por mais que eu queira acordar desse pesadelo É real... Meu Deus, cala a boca um pouquinho Sócrates!

Convicto (parte 2)

Sinto que cada adiamento é um dia perdido E por mais que eu esteja decidido  Tem dias que eu acordo cansado e retido Derretido em meus próprios ácidos Passado assíduo de meus pesadelos constantes Que me fazem acordar em um mero instante E por mais que mutável, se repete como antes Por mais que diferente, o mesmo semblante Que já é o bastante para me deixar circulando no fuso automático Me silencia e me faz olhar para o nada, apático Até paro e quando me percebo no vazio, dou um sorriso simpático Não é uma religião, não quero me tornar fanático E como se fosse prático esquecer o passado, eu oro Preciso me tratar, me deixar, me libertar E como se fosse didático, me aconselho, sento e choro Converso com o espelho e deixo passar Sou muitas vezes repetitivo a mim mesmo Sigo na fé de um Deus que vem de dentro (...) Não deixar de sonhar, já é um começo!