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Uma última faxina

Eu que não gostava, hoje adoro arrumar o quarto
Limpar as poeiras e encontrar algumas peças perdidas há tempos
Coloco músicas que eu nem lembrava, mas canto
Canções que já fazem dez, quinze ou vinte anos, em sentimentos

É nostálgico e me faz querer marcar reencontros
Troco as coisas de lugares, a cama, os quadros e refaço os detalhes
Amaço papeis velhos, faço um lixo de estorvos
Reorganizo as gavetas, ornamentos, enfeites e ajeito o pé do raque

E por mais que eu sempre mude as coisas de lugar
Eu percebo que algumas coisas voltam para o lugar da outra vez
Da outra mexida, da outra faxina e ao diversificar
Vejo sempre algo repetitivo e padronizado em toda a sua timidez

Mas percebo isso em lucidez e mesmo assim eu percebo que há mudança
Não quero nada igual a ontem, mas tenho os pés no chão e a esperança

Essa é a ultima vez que mexo nesse quarto
A próxima vez será apenas para levar o que eu quero levar
Sei que da próxima vez será um novo parto
Sei que será despedida e mesmo assim não deixo de limpar

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Cronicas de Pietro (parte 2)

O cheiro de urina, Onde indigentes morrem todos os dias. Cheio de morfina, Onde indígenas dormem ao que se inicia. Um dia triste de chuva, E apenas espero a nossa Lua. Enquanto faço a curva, Eu aumento o som da música. A realidade é mais intensa do que parece E nem tudo se resume a prantos e preces Mas o olhar, Brilha igual ao chão molhado. Na volta ao lar, Observando o que está ao lado.

Mais um dia

Sou a mata em meio a selva  Sou resistência, sou relva  Renasço em meio a queda  Sou o sorriso de uma fera Risco o ponto e me sento a mesa Me concentro e clamo pela natureza  Sou parte dos deuses e da realeza  A mistura da felicidade e da tristeza  Canto e recanto em silêncio  Escuto os meus pensamentos  Vozes que vêm do alento  Preces de força, do firmamento  Estou nas velas que eu ascendo Sou as preces que ofereço  Na labuta diária, o agradecimento  Na oferta e no sentimento  A fé vem antes de receber E se torna mais forte ao agradecer  Transforma ao pertencer Revigora na evolução do eu, crescer Minhas orações não são só minhas São de quem e pra quem se confia De meus ancestrais e de meus guias Uma oração a Ogum e uma Ave Maria  Bom dia, pois é mais uma dia Entre o céu azul e a floresta cinza A respiração que enche e esvazia No sol quente e nas paredes frias