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Mostrando postagens de novembro, 2017

Cautês

Sobe e desce as escadas Dizem que gente boa tem de monte Sobe e desce as escalas Mas que as confiáveis se escondem E nesse ciclo de chega e sai Poucos são os que ficam e somam E nesse ciclo de leva e traz Raros multiplicam e nos reformam Somos partes de muitos Das conexões e desapegos feitos Somos inteiramente luto De um imenso cemitério no peito Peças de um quebra cabeça que se encaixam Mas que nem sempre combinam Geralmente, partes do corpo que se enfaixam Em tédio e costumes que rotinam Somos as luzes na janela Vindos de uma conversa que nem aconteceu Somos as luzes de uma vela Dentro do blackout e tentando fugir do breu Quem nos conhece O que sabem de nós? Quem nos descreve O que sabem dos nós?

Burlês

Caro amigo do peito Que sabe a poesia que me causa insônia Ao que seja dito e feito Um abraço e um beijo no rosto, cafonas Caro amigo das calçadas Dos últimos a saírem de uma festa chata A cerveja que esquenta a lata Observando as estrelas, olhando pro nada Caro amigo das estradas aleatórias Do qual paramos, desenhamos, rabiscamos, cantamos Contamos e recontamos as histórias Mil sem final, sem começo e o meio que nós bagunçamos Caro amigo dos desabafos A quem posso falar, de ouvidos altruístas Garganta sem nó, desencargo Mas vem sempre cigano, nômade e turista Caro amigo dos gostos parecidos Mas que diverge e se diverte com minhas opiniões confusas Vem acompanhado dos esquecidos Não nos vemos há tempos e parece que nos vimos Segunda Raro amigo, é sempre bom te ver...

Nossa missão nem existe

Ascende a vela E o pouco que se observa já é o muito Passos à cautela Lentos no silencio que confessa o luto Um pote de conservas Onde não há conversas sobre o futuro Sem precisar de reservas Mesas de um bar iluminado e obscuro Já é segunda de novo Ou, é mais um ano começando Fixa a tinta no corpo E da vida, o que está pensando? Mesmo se eu desabafar com algum Freud num divã Eu sei que não vou entender minhas loucuras do presente ou pretérito Não me entendo hoje, nem vou me entender amanhã Talvez por mérito, questionando, investigando e fazendo um inquérito Se eu pudesse voltar no tempo Creio que seria muito bom refazer todas a merdas que já fiz Seria mais fácil perdoar e atento Abraçaria mais do que abracei, sorriria bem mais do que sorri Não daria conselhos e apenas observaria o Caos acontecer Não teria segredos, eu apenas observaria o Caos acontecer

Eu só queria saber o que me dizer...

Me dou bem com meu Nêmesis Instalo o caos limpando do sorriso todo o veneno Me dou mal com meu Gênesis Não gosto de perceber o silencio, tremulo terreno Sereno, não sou nem ao menos nascido em terreiro Mas aprendi, acolhi e me tornei guerreiro Pequeno que não aponta, mas costuma ser certeiro E mesmo no vazio posso me sentir inteiro Fui a semente jogada na terra Que a chuva levou e brotou no meio de alguma outra colheita Disseram pra eu ser de guerra Mas creio que temos pouco tempo e a vala me parece estreita Nossas diferenças são as que nos equalizam Somos as ondas que se reverberam Nossas luzes tentam, mas elas não sinalizam Somos as ondas que mais se quebram Se algum dia você sentiu que não era daqui Talvez pensou igual a mim Se achou maluco e percebeu estar fora de si E talvez até fosse o seu fim Mas somos ciclos e depois de todo fim, tem um começo Não o recomeço, não confunda, pois tudo tem seu preço (...)

Disse o Nômade -

Sua beleza está nas olheiras que a maquiagem esconde A fonte, a paisagem urbana bem de longe no horizonte És a inspiração pichada nas paredes que ligam a ponte Pinta em formato de poesia e a morte torna-se Caronte Suas palavras são a energia e o seu sorriso a calmaria Sinto-me em paz e passam várias coisas em minha mente Deixo-te ser meu vento sem norte, mas em sabedoria Galeria de filosofias de Lua e Rua, de poentes e vertentes Não existe só um caminho e divergimos toda essa informação Pois tenho outra formação, outra percepção e outra preocupação Mas o que levo de lição à cada conversa que desfoca a direção Somos todos irmãos, apesar do pouco ou do muito calo nas mãos Filhos da Terra...

Calma Calamidade

Personagens de nós mesmos Alucinados com nosso desempenho Maravilhados com o desapego Geralmente em profundo desespero Um prólogo, um sumário Capítulo à parte ou em meia página Previsões num calendário De epifania, de inspiração e táticas Traçando rotas na direção da Luz Nos caminhos em que os galhos fazem Sombras, vou para onde nunca fui Flutuando nem à maré, nem à margem Em minhas frases tão silenciosas Escondido dentro de um mero acorde Há um cálice cabisbaixo à prosas Tons menores simbolizam a sua dose Um brinde pra ninguém Em direção ao copo ausente Estreito é o mal e o bem Na intenção ainda pendente Na sarjeta, na guia, a solidão do homem na esquina tão repentina Tão repetida e se não fosse tão nítida, mas se não fosse tão minha Seria de quem?

(In)Solúvel

A arte do incomodo na sétima pedra de seu sapato O medo e o terror foram personificados À la carte dançando no escuro ao que se tem deixado Ondas do destino ou os idiotas findados Seguem algumas casas pra frente e outras pro lado Onde o bloco foi quebrado e remontado Um sorriso ao que vem da terra e ao que é enlatado Ou onde o foco foi suscitado e rematado Sinta-se mal na sintaxe de um estar A minha sala de indicativos sem um bar Entre pretéritos e presentes, meu lar A melancolia de esperar o futuro chegar Mas e quando a nossa paixão acaba A força e a energia tornam-se nada?