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Mostrando postagens de 2020

Sutileza agressiva

É por doer que necessitamos aprender a perdoar, absolver E acima de tudo, a nós mesmos por todas as nossas imperfeições Mas às vezes nós perdoamos pelo simples medo de perder E assim nós sumimos em meio a seres vazios e as suas escuridões É por observar e nos calar, que nós aprendemos a absorver É preciso seguir em frente e tirar o passado apenas como nossa lição É por raciocinar, que o coração vai ficando de lado a temer Consumidos de pânico, fracassamos ao que deveria ser determinação No meio da noite, com passos na cabeça A criança se cobriu em algo mais escuro que os seus monstros Deu ao medo, uma fé de que desapareça E se confortou na segurança de lençóis, se perdeu em encontros Foi ensinada pela covardia e pelo pavor a se encolher E hoje quando lhe mostram a luz, ela não sabe como a acolher Foi ensinada pela fraqueza e pela fobia a não escolher E hoje quando lhe mostram a luz, ela só sabe como se esconder Assim a criança com medo da escuridão, virou um adulto com medo da luz...

Largo do Paço

Observando a superfície apenas vejo que é azul e calmo Mas ao mergulhar eu posso enxergar um outro universo É tudo tão inexplorado no brilho desses seus olhos rasos O silencio pode te dizer muito entre o foco e o disperso Mas eu não quero conversar com ele, eu só queria ouvir a sua voz Sair dessa escuridão e reascender a luz que um dia existiu entre nós Você me deu asas e voei como quem descobre a liberdade Mas do mesmo jeito que deu, tirou e eu cai como se o chão não fosse chegar Você me levou às estrelas e de lá eu esqueci de toda cidade Mas me deixou lá sozinho, em um vácuo, apenas esperando o meu ar acabar Persistir ou desistir, eis um dilema Pois qual dos dois seria o maior problema? Não há fórmula mágica ou sistema Na hora certa saberá até onde vale a pena  É tudo sobre se amar, antes de tentar amar o próximo como a si mesmo Porque se você não souber o seu valor, estará somente perdendo o tempo

Vasos e Vazios

A nossa idade só aumenta E o tempo nessa Terra vai diminuindo  Desde a criança marrenta Até um moleque bobo por aí sorrindo Somos infância em essência Determinados pelo que não temos e não tivemos como controlar Somos uma falsa resistência Pois se sobrevivemos a esse período, temos alguém a quem condecorar Muita gente se recusa a ser grato Porque para muitos, o aprendizado é repleto de injustiças E tem muita gente que ignora o fato Então, o assunto se torna ineficaz e isso me traz uma certa preguiça Uma grande vontade de virar as costas e sair andando Mas é difícil mudar o mundo por uma bolha que permanece se fechando É que ninguém é perfeito, mas ainda estamos tentando Porque viver é isso mesmo, vasos que se quebram e permanecem se aperfeiçoando E retirando todos os contos de fadas mentais, saímos de um ponto fixo Pois é também de vasos que se quebram e vão simplesmente parar no lixo

O que mudou?

Dificilmente alguém em sã consciência salta sem paraquedas  Agora, se o paraquedas vai abrir ou não é algo que eu não sei Nem sempre entro de mergulho, de primeira numa cachoeira Mas depois de saber onde não é raso eu pulo mais de uma vez É humanamente impossível não se machucar nas primeiras escaladas Mas seus calos e sua experiência vão te dando vigas importantes para seu próximo passo E não nascemos nos equilibrando nas próprias pernas, não é do nada Você só não se lembra como foi, mas você era uma criança destemida a cada aprendizado O que mudou?

Introspecto

Minhas lágrimas fertilizaram o vazio E eu que achei que estava plantando essa tristeza Colhi amadurecimento diante ao frio Frutos de insônia, ansiedade, soluços e incertezas Entrei nas minhas profundezas Me deixei levar pelas correntezas E pude conhecer minha beleza Fui eu e meu ser em toda a pureza Não foi fácil, minhas lágrimas não se secaram ainda Eu amo quem se foi, mas não com aquela mesma intensidade E reaprendi, pois nem tudo é para sempre nessa vida Nós sonhamos, abraçamos e os planos tem prazo de validade Mas eu não deixei as minhas convicções de lado Nutri elas de conhecimento e melhor que isso, autoconhecimento Vou onde tenho curiosidade ou me sinto conectado Aos poucos meus passos vão se firmando e vão se refortalecendo É, com o tempo eu vou me tornando alguém que eu desejo ser Parei nessa altura aqui, um e setenta, mas não deixei de crescer

Calos bem hidratados

Sou frio e calculista por fora Com o meu peito completamente destroçado Tento me remendar ao agora E estou sem energias para um sorriso forçado Hoje em dia eu costumo sair sozinho Os meus nãos estão cada vez mais frequentes Às vezes em desculpa, às vezes vazios Na utopia do presente, na distopia do ausente Entenda, eu faço o que quero e vou onde eu tenho vontade Pois cansei de ceder a quem não tem sede de reciprocidade Sou frio e calculista por fora Mas acredito que o tempo demora muito e aí ele passa rápido Fico confuso do silêncio à sonora Meus pensamentos deixaram de ser tóxicos e hoje são ácidos O despertar é algo que você faz depois de acordar Tem muito mais no horizonte que um belo por do Sol Você lava o rosto para se sentir disposto a embalar Ser seu maior presente, se sentir ponte e ser um Farol Entenda, eu faço o que quero e vou onde eu tenho vontade Pois cansei de ceder a quem não tem sede de reciprocidade

Esse é só um trecho retirado de um livro sem capa

Temos medo de mostrar o quão fracos somos, Ao mesmo tempo que temos receios De demonstrar o quão forte nós nos tornamos E do mesmo modo, nós temos anseios. Mas ainda assim reprimimos sentimentos, Comprimimos ressentimentos E eu sei que eu não falo por todos, Esse é um mero jornal barato do povo. Mas se eu escrevo aos poucos que estão me lendo, Se eu falo aos poucos que me ouvem e querem ouvir. Já me sinto satisfeito em dividir que eu estou bem E quero realmente saber como vocês se sentem (...) Esse é só um trecho retirado de um livro sem capa Que eu ainda não escrevi cem páginas, não, sem páginas É um personagem que está meio sei lá pra vida Mas que não perdeu a esperança de achar uma saída Esse é só um trecho retirado de um livro sem capa Sem o singelo final feliz dos contos de fada Sem começo também, mas apócrifo em minha mente Não canônico, ainda assim, é uma semente  

Eu não sei se pra você faz sentido

Eu não sei se pra você faz sentido Tudo o que eu estou sentindo por você Fluviais como as águas do rio Nilo Na tristeza de morrer e na fé de renascer Somos tipo Playmobil e Lego Quem não conhece, acha que tudo encaixa Percebi que era só jogo de ego Que apenas você jogava num sorriso de farsas Essa é a última fase do Castelo Sei que vou passar, mas não consegui Depois fica fácil começar do zero Antes preciso derrotar esse monstro do fim Dessa vez não estou ansioso Para a próxima fase desse jogo Vou parar e descansar um pouco Pois essa abstinência quase me deixou louco Eu não sei se pra você faz sentido...

Desbossa

Quantas vezes eu já sofri em dias lindos E quantas vezes já sorri em um dia cinza e frio? Quando foi que eu deixei tudo sombrio E era mais fácil acreditar que eu fosse o vazio? Foram noites em claros e tardes cansativas A insônia vinda em fantasmas de lembranças vivas Os sonhos se tornaram pesadelos e eu fugia As forças se tornaram medo e eu não me reconhecia Quantas vezes já passei por tudo isso e eu ainda estou de pé? Quantas vezes falaram para eu seguir um outro caminho? Quantas vezes depreciaram e colocaram em dúvida minha fé? Quantas vezes eu me agarrei em rosas cheias de espinhos? Foram noites em claros e tardes cansativas Mas eu me reergui, superei e superarei outras tentativas Os sonhos não são mais pesadelos hoje em dia As forças se tornaram enredo e o passado mera nostalgia Eu era apenas o caos antes de procurar me encontrar...

A última estação

Todo o sorriso da vitória e a fervorosa empolgação não estão na medalha Não estão em um champanhe espalhado por todo o canto  Estão nas lembranças de quem se fez muralha e um guerreiro pra batalha E vai além do grito de quem torceu junto, está no pranto Nas vezes em que se ajoelhou e se questionou mil vezes se era capaz Nas vezes em que se levantou e caminhou contra as expectativas Nas vezes em que se enfureceu, se machucou enquanto pedia por paz Nas vezes em que se acalmou, respirou e percebeu estar a deriva Pois no horizonte ainda tinha uma visão contemplativa que talvez fosse uma utopia Dentro de uma meritocracia aristocrática aos donos da verdade E ao perceber que a visão era apenas isso mesmo, um quadro escondendo a distopia  Desistiu de ser mais um dos donos da razão e sumiu da cidade Até hoje ninguém sabe onde aquele vencedor está Deixou reflexões, frases bonitas e não disse se um dia iria voltar Até hoje ninguém sabe onde aquele sonhador está Deixou aprendizados e alunos que ho

De mim...

Estou sozinho de novo, sentindo o aperto no coração Mas agora em boa companhia, comigo mesmo Não vou me desfazer de toda intensidade e dedicação Apenas trouxe de volta a atenção que eu mereço Eu peço por paz em meio a uma intensa guerra interna E sei que sou bom, que fui e só te fiz o bem Tudo o que estava ao meu alcance eu fazia de lanterna Pra te fazer seguir, mas eu fui feito de refém Eu sei que já passou da hora dessa fase do luto E agora é hora de lutar por mim Sei que é hora de abrir os olhos e sair do escuro Apenas recomeçar e aceitar o fim E olha, é difícil demais porque essa decisão não foi minha Mas eu preciso muito de mim nessa hora Esse canto é vazio e cada lembrança é um frio na espinha Mas eu preciso muito de mim nessa hora

Mar e Sal

Minha mente abre e se expande  A alma recebe as energias  E antes, eu pensava no instante Agora, pulo em águas frias Os meus braços estão abertos como se eu fosse abraçar o mundo As ondas revitalizam minhas pedras e meus xacras É a massagem de Gaia e a mensagem da Rainha no mesmo segundo O mar puxa e me leva a pensar no que se consagra Minha mente abre e se expande  A alma recebe as energias  E antes, eu pensava no instante Agora, pulo em águas frias Sem o medo de me machucar ou de ser livre em um mundo de aprisionados Sem o medo do escuro e do breu, pois acendi a minha vela interior Sem o medo de proclamar minha fé e buscar conhecimento dos antepassados Sem o medo de seguir em frente e saber que sou um eterno amador Minha mente abre e se expande...

Chamas

Deixei de conhecer tanta coisa Enquanto eu permiti a minha cegueira E muitas vezes eu quis voltar na caverna Só para ver as sombras na fogueira É difícil, porque quando saímos no Sol Os olhos não se acostumam de cara Parece impossível quando o vício é o habitual E nos adaptamos à mente falha Quanto menos energia gastamos, menos queremos gastar E quanto mais gastamos, mais nos desgastamos Mas se é recíproco, nós temos ela de volta Só que às vezes são migalhas a qual nos acostumamos E só um recado, não seja luz a quem não é chama Pois assim, deixamos de nos chamar Esse é o nosso pecado, o de amar quem não nos ama Pois assim, deixamos de nos amar Seja a luz, mas não permita que sejam a sua escuridão!

Tatuagem

Quem é que decidiu o seu lugar Para te pedir que você se ponha lá? Quem te disse para ser de ferro Se você é apenas carne a enfrentar? Somos todos iguais até certo ponto E depois dele é cada um que segue a sua evolução Somos todos iguais até certo ponto E depois dele, cada um consegue a sua destruição Saiba, nenhum caminho é perfeito O amor não deveria te machucar nem ser a sua culpa Ele deve ser a sua cura em conceito Seus cortes precisam ser cauterizados dessa angustia Pois essas cicatrizes são aprendizados que foram tatuados na sua alma Que você pediu para pintar num lugar escondido E não vai querer mostrar ao mundo, só para as pessoas mais chegadas Apenas espero que você não tenha se arrependido Pois a pintura é bela, não viva, mas ainda assim é Bela!

Tão longe

A minha mente ainda anda tão confusa E o meu peito parece vazio, sem nada a aquecer Pois foram tiradas partes tão profundas Eu tentei fazer dar certo e depois tentei esquecer Eu não desisti até o meu ultimo suspiro Mas eu entendi que é preciso morrer para renascer Me retiro, só não sei quando ressuscito  Fico aqui no purgatório das emoções, a reaprender Eu preciso e quero sentir o ar como antes Mas não consigo e observo o meu corpo de fora É tudo automático em apáticos semblantes Onde está o sorriso, os abraços fortes e o aurora? Tudo vai embora e passa rápido, mas demora A alma chora, deteriora na mais triste sonora Eu sei que preciso voltar ao meu corpo Mas é tão bom aqui, longe de todos Sei que eu quero tentar, sentir de novo Mas é tão bom aqui, longe de todos

Oi Princesa

Ensaiei mil mensagens bobas e mil bem elaboradas Ensaiei e eu não consegui me expressar Eu tive medo que a despedida estivesse concretizada Ensaiei e não consegui parar de ensaiar O adeus pode acabar com a esperança ou a ilusão Mas eu não sei o que realmente alimento Gostaria que fosse o real, que não fosse a escuridão Pois para mim não é incerto, é juramento E só não vá me falar que eu não falei, ou, que eu não tentei Ao tentar te encontrar, talvez eu tenha me perdido  E não te culpo, pois os sinais estavam bem na minha frente Fui desentendido e talvez isso tenha me impedido Hoje... Os conselhos apenas me dizem para tentar te esquecer e seguir Mas eu não sei se vou conseguir, pois essa saudade ainda me faz sorrir Eu não quero desistir de você, mas sei que preciso!

Bipolares

Se você vai em direção da luz, as sombras ficam para trás Observe que é sem erro, uma teoria básica e sempre vista na prática Nós normalmente buscamos a liberdade e queremos a paz Mas estamos sempre nos prendendo ou guerreando e bolando táticas O que realmente queremos é confuso de mais não acha? Estamos tentando chegar em silencio, sem sermos vistos e mantemos a luz apagada Mas tropeçamos, fazemos barulhos e acordamos a casa A luz ascende e o olhar é de julgamento, mas de alguém que esperava a sua chegada Nós temos visões deturpadas de apenas o que conhecemos A intensidade é algo momentâneo e gostaríamos que fosse algo contínuo  Talvez por isso nos frustramos, mas o corpo pede o silencio O corpo implora o descanso e a mente está sempre ativa, talvez discutindo Os nossos prazeres horas são impulsos, horas são repousos E essa briga interna é o que nos faz tão malucos em nossos sonhos Os nossos prazeres horas são o de acordar, horas são o sono Somos naturalmente bipolares, mas pilares na

Às vezes eu me aconselho...

Em eterno aprendizado, eterna evolução Ficar louco é a necessidade básica para nos mantermos sãos Pois são tantas turbulências em transição Que precisamos de uma dose de loucura e uma pitada de ação Pule para o alto sem rumo ou em uma água fria Deixe a intensidade atuar e se estimule Se abrace, sorria e seja a sua melhor companhia Deixe a imensidade falar e então se cure A renovação vem de você e de mais ninguém Busque a sua paz interior e tente parar de guerrear consigo mesmo Falando assim parece fácil, é só orar e amém Mas não é, eu sei disso, a libertação e a prisão está no que fazemos A ilusão vem da ação de mantermos os nossos olhos fechados De apenas sonharmos acordados e não fazermos nada É reconfortante, ao nos acomodarmos, a ficarmos alucinados E ao vivermos no pretérito, esquecemos da caminhada Mas depende apenas de ti, é seguir em frente ou é ficar parado Não dá para estar no futuro e nem mesmo voltar para o passado

Naufrágios

Não dá para mudar o rumo das correntezas E tem hora que é impossível remar contra a maré Quando entramos na ressaca das profundezas Somos sugados pelo desespero e precisamos ter fé Ter calma sem debater os braços ao naufragar  Temos que nos focar em sobreviver, economizar energias E seja onde for que as águas forem nos deixar Temos que nos recuperar e seguir em frente em harmonia É difícil né, mas essas são apenas dicas de sobrevivência Segue quem quiser seguir e só passa quem tiver paciência

Uma última faxina

Eu que não gostava, hoje adoro arrumar o quarto Limpar as poeiras e encontrar algumas peças perdidas há tempos Coloco músicas que eu nem lembrava, mas canto Canções que já fazem dez, quinze ou vinte anos, em sentimentos É nostálgico e me faz querer marcar reencontros Troco as coisas de lugares, a cama, os quadros e refaço os detalhes Amaço papeis velhos, faço um lixo de estorvos Reorganizo as gavetas, ornamentos, enfeites e ajeito o pé do raque E por mais que eu sempre mude as coisas de lugar Eu percebo que algumas coisas voltam para o lugar da outra vez Da outra mexida, da outra faxina e ao diversificar Vejo sempre algo repetitivo e padronizado em toda a sua timidez Mas percebo isso em lucidez e mesmo assim eu percebo que há mudança Não quero nada igual a ontem, mas tenho os pés no chão e a esperança Essa é a ultima vez que mexo nesse quarto A próxima vez será apenas para levar o que eu quero levar Sei que da próxima vez será um novo parto Sei que será despedida e mesmo assim não deix

Vitória e Salvador

Antes de voltar para casa, sem muito esforço Eu gostaria mais uma vez de botar os meus pés no mar Assim sentir o sal grosso levar o mau agouro Me libertar, respirar de braços abertos sem desperdiçar E apenas me dispersar aos ventos que as ondas vêm e nos trazem Observar o sol se por, enquanto a lua chega sem avisar Contar os pingos de estrelas que vão surgindo e então se desfazem Fotografar esse momento em minha mente e redesenhar Meus quadros precisam dessa paisagem solitária Emoldurados presentes a mim mesmo Minha alma, minhas pinturas, poesias e literárias Emoldurados presentes a mim mesmo Se ame mais e assim encontre a sua paz...

Buenos Aires

Sabemos que só o movimento nos traz a cura Pois o medo e a angustia trazem a paralisia E às vezes colocamos a culpa nas fases da lua Pois é mais fácil dizer que foi tudo energia Só que o tóxico não vem apenas de fora É um fungo que aflora no peito seco Embriagado ou sóbrio, amanhã ou outrora Vá embora e não volta, me dê sossego  Fui capaz de tudo o que estava ao meu alcance por ti Mas hoje, não quero nem te olhar na cara Era o sonho, o futuro que não terei saudade de sentir Silencio que um dia foi dor e hoje é nada Faço as malas, mas quem sai de casa não sou eu...

Guadalajara

No começo é tudo flor, é tudo infinito Mas as lembranças vão se borrando, vão se pagando E de repente um quadro que era bonito Vira um esboço e depois se torna uma tela em branco Nós apagamos porque queremos apagar Precisamos deixar para trás tudo aquilo que nos deixou para trás Apagamos o que não queremos lembrar Pois dói ver que foi bom, mas precisamos seguir e ficar em paz...

Lisboa e Coimbra

Agora é raiva e talvez uma breve surtada Não fui eu quem desistiu Mas sua atitude me fez dar uma estagnada Não fui eu quem desistiu Fui forçado a desistir e isso me deixou confuso Me deixou em parafuso, não, me deixaste pregado Eu tinha um ritmo e eu quase o perdi no escuro Mas eram só os meus olhos que estavam fechados Nunca foi reciproco ou real Estava apenas regando uma semente que não daria frutos Sei que eu tentei ser parcial E agora é raiva, murro em ponta de faca e socos no muro Voltei a malhar, a treinar e a focar nos meus estudos A gastar as minhas energias comigo mesmo E sim, não que antes eu tivesse parado com isso tudo Mas que estarmos juntos foi perca de tempo Você tinha uma mania de dizer que estava tudo bem E eu só queria saber a verdade Não leio mentes e eu sei que fugir é o que te convém Agora é raiva, não mais saudade

Londres

O problemas das borboletas  É meramente advinda de nossas redes estomacais E é uma prisão tão violenta Vistas na beleza do aquário, na mais mórbida paz A nossa essência é a liberdade Mas nós somos condicionados em vida, a nos prender A prisão se torna nossa verdade E somos forçados a reconstruir e com isso reaprender Sei que faz parte do amadurecimento e que só o tempo cura Mas não dá pra pular direto pra parte boa? E eu sei que essa pode ser só mais uma das minhas loucuras Mas não dá pra pular direto pra parte boa? Nos alertar, pegar um spoiler do final do livro E isso só para saber quem verdadeiramente deveremos ter ao nosso lodo Pegar a sinopse e os plot twists e jogar no lixo Sei que isso faz parte do meu lado ansioso e que tento manter controlado Mas minha nossa, eu estou cansado de sofrer e ficar sem ar Por quem não luta junto e prefere se esquecer ao enfrentar...

Napoli

O imediato é apenas o imediato, vem e sai rápido Nada muda a não ser o momento que passa E quando passa, volto a realidade de me sentir fraco Parece que foi tudo mentira, tudo uma farsa Mas quem mentiu mais, foi você ou os meus olhos? É, e eu que estava sendo sugado não percebia Mas quem mentiu mais, meus sonhos ou seus votos? Eu fui levado a um buraco negro de armadilhas  Você que um dia me pediu poesias bonitas Hoje apenas faz parte de todas as minhas poesias mais tristes Você que um dia me pediu de volta, reflita Eu voltaria mil vezes, mas eu não suportaria outras cicatrizes Ainda é difícil te deixar partir, mesmo eu sabendo que nós não estamos mais juntos É que ainda faz parte da minha mente e pior, faz parte do meu sorriso mais profundo O imediato é apenas o imediato, vem e sai rápido Nada muda a não ser o momento que passa E quando passa, volto a realidade de me sentir fraco Parece que foi tudo mentira, tudo uma farsa Eu odeio ainda te amar e não poder fazer nada que mude isso Nã

Paris

Tem coisas que eu tento te dizer Mas eu nunca te diria sóbrio Coisas como a solidão, a ilusão e o óbvio Tem coisas que eu digo com o olhar Com a dança, com o toque nas mãos Com o estar, o estar próximo Tem coisa que nos desaproximam Acho que encontro palavras que rimam Mas é um núcleo tóxico E sabes, sabes que sou canções Sou várias composições Em rumo ao ócio Eu sou aquela poesia triste Que resiste, mas guarda as mensagens Em trovas e trovões, em tópicos Sou um plano de ação Sem tática, sem execução Apenas na presença das fadas, do utópico Sou sonhos acordados Sou um eterno apaixonado Vendo tudo o que há de dispótico Sou as dúvidas que nos traem E nos atraem a perder o que poderíamos ganhar Sem o medo de arriscar, sem o medo de ser o que seria óbvio É... sou o óbvio Que fingimos não ser, mas somos Na soma do calor de nossos corpos!

37ºC

Há dores insuportáveis que vão além de um machucado Não se enxerga na superfície e nem é algo muscular Há cicatrizes que apenas você saberá onde está alocado Às vezes volta a doer e nenhum remédio faz passar Mas são coisas que nós temos que lidar Precisamos enfrentar, cuidar e combater de alguma forma E são estigmas que o tempo tentar curar São chagas dentro da sua casa que carece de uma reforma Sem trocar todos os seus pilares de sustentação Mas entender que um dia eles também se vão Sem deixar que seja em vão e receber a benção Entender a lição e se reconstruir após punição Sou um pecador sem religião e isso é tão confuso Sei das regras e tenho as minhas, abaixo o escudo e a espada sem atacar  É um TOC de criar pontes e raramente criar muros Mas é aí onde me machuco e percebo que também necessito me afastar Eu me protejo do frio, me silencio e tento não me expor Pois eu sei que a única coisa que eu sei entregar é o calor

Meu Deus, cala a boca um pouquinho Sócrates!

É real, a partir de dez, vinte ou trinta vezes É real, na primeira ou na segunda vez ainda é confuso Mas meu Deus, aconteceu, irmão, é real no mais claro português Entenda, eu daria tudo pela metade do que eu ignoro às vezes Gostaria de ter deixado de fazer coisas que não me acrescentaram nada Quanto mais procuro conhecer, me conhecer, mais eu percebo que nada sei Só sei que é real e por mais que eu queira acordar desse pesadelo É real... Meu Deus, cala a boca um pouquinho Sócrates!

Convicto (parte 2)

Sinto que cada adiamento é um dia perdido E por mais que eu esteja decidido  Tem dias que eu acordo cansado e retido Derretido em meus próprios ácidos Passado assíduo de meus pesadelos constantes Que me fazem acordar em um mero instante E por mais que mutável, se repete como antes Por mais que diferente, o mesmo semblante Que já é o bastante para me deixar circulando no fuso automático Me silencia e me faz olhar para o nada, apático Até paro e quando me percebo no vazio, dou um sorriso simpático Não é uma religião, não quero me tornar fanático E como se fosse prático esquecer o passado, eu oro Preciso me tratar, me deixar, me libertar E como se fosse didático, me aconselho, sento e choro Converso com o espelho e deixo passar Sou muitas vezes repetitivo a mim mesmo Sigo na fé de um Deus que vem de dentro (...) Não deixar de sonhar, já é um começo!

As mais tristes do Tim

A saudade bate, invade em um momento de nostalgia Com algumas musicas leves sobre a melancolia O regresso deve ser acompanhado de um especialista Voltar sozinho devia ser proibido pela sabedoria Mas quem sabe o que faz? A consciência tenta e o inconsciente nos prega peças inexplicáveis Uma playlist com as mais As mais tristes do Tim também me trazem momentos memoráveis Amigos reunidos em um final de semana Já senti saudade, já fiz muita coisa errada, já pedi ajuda, já dormi na rua Os braços em abraços, o bom senso canta Eu ainda sinto saudade, ainda faço muita coisa errada e preciso de ajuda É... Nunca mais dormi na rua, isso é fato Vamos marcar de nos ver em um sábado?

Trinta e Três

Mais um ciclo se encerra e com ele vem todas as lembranças O que aconteceu e o que poderia acontecido ficam como uma lição E assim, mais um ciclo se inicia e com ele vem as esperanças O que posso fazer, o que quero fazer em meio a minha ressurreição Renasço todos os dias em que acordo Me abraço aos momentos que me recordo Avisto terras, mas eu continuo abordo  Me entrelaço, observo e assim me aborto Ah... Os sete mares, lindos, belos, mas imaginados e vistos de um livro Viajei minhas terras, mas não o mundo em crises existenciais  Ah... Os sete males, escritos em papeis amassados, mas não esquecidos Viajei minha mente, recordei minhas invenções persistênciais A liberdade poética é o que me faz andar de novo Abrir os braços e preso a esse mundo, é o que faz eu me sentir solto A realidade, a dialética, na criação, um breve sopro Abrir os olhos com olhos fechados entre utopias, distopias e pontos Meu ponto cego, a imaginação desenfreada de uma criança adulta Com o olhar de gente culta, ma

Convicto

Algumas partes de mim, ainda são reflexo do meu passado Mas eu sou o agora, eu sou o meu presente Outras partes de mim, são futuros energicamente carregados Mas eu sou o agora e me mantenho ciente Consciente e inconscientemente determinado Onde a motivação vira cansaço, tento ainda dar os meus passos  Sei que a força nem sempre superará o fardo Onde a motivação vira cansaço, eu tento desviar dos fracassos Sou muitas vezes repetitivo a mim mesmo Sigo na fé de um Deus que vem de dentro

Os olhos abertos não dizem nada

Observei que estamos sempre a um passo de dar dois E assim nós seguimos a diante Estamos caminhando no ritmo do agora, não do depois Ou de algum passado distante Observei que estamos, mas que muitas vezes nem sabemos Observei que enxergamos, mas que muitas vezes não vemos Seria bom se todos nós enxergássemos a nossa ignorância   Que não temos ou somos os donos das verdades Seria bom se entendêssemos nossa essência e fragrâncias Não somos apenas frutos, mas raízes que invadem A cabeça nem sempre está aqui, ela vaga entre sonhos e pesadelos Observei que enxergamos, mas que às vezes não é possível vê-los

Ângelo

Hoje aquela poltrona está vazia Ninguém mais olha pela janela E sem perceber ele se despedia Naquele canto, no vazio da tela Nos ensinou na união das cartas Que a gente não sabe o que vem entre os números e a família real Mas nós temos que usar a lábia Entender os sinais dos nossos parceiros e enganar o olhar do rival A caneta no bolso do peito marcava os pontos O chapéu na cabeça escondia o olhar Mais um copo de caipirinha para sentir o gosto O gosto do momento, o gosto do estar Nos ensinou na união de fins de semana Que a família não é só o sangue, é quem a gente traz pra ela É quem a gente aceita e assim se emana Que a família tem pilares que precisam se renovar em tutela E em sua despedida, nos mostrou que todo o ciclo se encerra Mas que a vida continua para os que ainda ficam com os seus pés na Terra Continuem com seus passos e não deixem de ascender a vela Não deixem de caminhar, não deixem a fé, fortaleçam suas orações e rezas A gente ainda volta a se encontrar Em sonhos e conve

Romantismo Estrutural

Nós somos condicionados a amar Recebemos os contos de fadas em nosso crescimento E ainda antes de saber quem somos Nos dizem para amar o próximo como a si mesmo Porém depois de todo o estrago feito  Quando veem que não tem mais jeito, nos aconselham a fazer terapia Onde ensinam o auto conhecimento  Para que possamos nos valorizar e a nos despedirmos das melancolias Quem dera as palavras nos salvassem desse romantismos estrutural Imposto há séculos com o amor perfeito e todo o estilo de vida ideal Quem dera fosse fácil fujir disso e ter fé Esse conceito de ter e ser o amor perfeito E quem dera fosse só o amor também né? Há muitas pedras no caminho do sujeito...

Chega de final feliz!

Nossa temporada se renova a cada sorriso Nossos comerciais entram bem na hora certa E a nossa introdução, pular é impossível Os nossos capítulos têm sabor de descoberta Alguns minutos antes de dormir As curvas nas luzes silenciosas da TV Um som com aroma de refletir As ruas perigosas e os retornos démodés Tem coisas que eu não queria feito Há frases que eu não deveria ter dito Tem muita coisa encravada no peito E há momentos em que eu me ressuscito O que era bom e hoje é nada  É tão vazio O que era hoje e agora é nada É tão febril Frio que sufoca e tira o ar Frio que sufoca e tira o ar Queria estar pensando só em coisa boa, mas não estou Chega de final feliz, eu quero continuação Queria estar vendo a cor das árvores, mas não estou É um quarto quadrado e cheio de recordação É um quadro emoldurado, trincado no lixo E ao perceber isso, eu apenas me reciclo Chega de final feliz!

Obrigado Tempestade

Às vezes é fácil se amar, você olha pro espelho e solta algumas frases motivadoras pra pessoa que você sabe que você é.  Mas às vezes é um caos tremendo, intenso e avassalador. Obrigado tempestade, por chegar e mostrar o quanto sou fraco às adversidades da natureza, por mandar alguns trovões de alerta  - Corre, se esconde! -  Porque são nesses momentos que precisamos ter fé de que tudo isso vai passar!

(A)Fetal

A reciprocidade é algo simples E por mais complicada que ela pareça Às vezes é apenas o simples ato de estar lá Quem pede mais que isso E deixa que esse argumento cresça Não sabe o tamanho do vazio que é não estar Ficam difíceis coisas que seriam simples Como respirar, dormir, sonhar ou acreditar Focar em um passo de cada vez se torna perturbador É ir de cômodo em cômodo sozinho Esquecer o que ia fazer, falar, sorrir e chorar Focar em um passo de cada vez me torna um amador  Estou engatinhando, estou engatilhando...

La-Rô

No contratempo das batidas do peito Ter você do jeito que você é Pra mim, já é muito mais que perfeito No vazio e uma mente cheia de receios Ter forças e não poder ter fé É agoniante em uma escala de anseios Te dei um nome francês sonhando em um dia vermos a Torre Suas iniciais, agora são o fim de quem sofre No antigo clichê de receber um "o problema sou eu e não você" Não te dei nada além de verdades E aí eu posso até rimar qualquer coisa com saudade ou liberdade Mas eu fiquei aqui... apenas com a fragilidade, ansiedade E algumas horas de insônia...

Mais ou menos, um dia

Você me disse que muitos se afastaram de ti após as suas escolhas Sem perceber que foi você que se afastou do movimento Mas eu vi o seu remorso quando percebeu que estava numa bolha Sem perseverar, teve que sofrer na cruz do esquecimento É difícil de acreditar em um Cristo que muitos carregam no peito É difícil de acreditar em seus dogmas cheios de preconceitos É difícil de acreditar que esses que gritam não tem nenhum defeito É difícil de acreditar que mentirosos compulsivos são eleitos Mas tem gente que acredita e não sabe o significado de espiritualidade E a gente vem ressignificar enquanto abrimos os olhos para a realidade E eu sei q assumir a realidade depois de velho é complicado Quando você é aceito, amado e aclamado por um ciclo social cheio de hipócritas Então permanece num caminho sem volta, onde vive atrasado Calado, pensando em nada, vendo os que não seguem seus preceitos e se revolta Tem mais, em uma das coisas nós somos iguais Estamos em guerra, mas nós precisamos de p

(A)Gente

A gente tenta ser agente de transformação A gente tem que ser agente em vias de formatação A gente é tema aos agentes de transmissão A gente é teia aos agentes, do drama, trama e ação A gente tá aqui onde os agentes não vêm E fazem teorias de tão longe das coisas que não veem A gente é muita coisa e agente é vai e vem Pois continuam apoiando factoides para que se salvem A gente é verdade, as nossas, mas verdades A gente é algo em extinção, raras saudades 

Suspeito Suspiro

Respira, sente o ar entrar no pulmão e solta Não olhe apenas para frente, tem muito mais a sua volta Retira, se livra de tudo o que não mais importa Não se esqueça do céu e do chão, tudo que o olhar toca Não é simples dormir e acordar na hora certa Tem que estar em paz com o mundo e com si mesmo Não é simples descansar a sua mente desperta Tem que saber se desligar e valorizar o seu silêncio Respira, revigora, recicla sua mente e o coração Não olhe apenas para frente, feche os seus olhos em oração Recria, relembre, se reinvente em suma, religião Não se esqueça de se descobrir antes de morar na imensidão Não é simples acordar enquanto se vive num sonho Mas é preciso sonhar para pintar os quadros com seus desejos Não é simples andar com quaisquer fardo nos ombros É preciso saber onde deixar, para caminhar e se livrar do peso Me questiono muitas vezes quem criou o criador Me deparo entre o rapaz cético e o menino esperançoso Me decepciono muitas vezes com esse sonhad

O último boêmio

Lá vem o homem só Cantando as suas tristezas Com nostalgia na voz Demonstra a sua grandeza Seus Demônios da garoa A Vingança de Linda Batista E na voz do morro entoa Canta o Trio Cristal e a Índia Sabe que não vai voltar Mas ele solta um belo sorriso E com a lágrima no olhar Repinta aos timbres bonitos Uma música que ninguém ouviu Em um momento só nosso Com ensinamentos, se despediu Pois ainda vivem os mortos ... Com ensinamentos, se despediu

O Liberal

Os senhores da paz incitando a morte E os senhores da verdade citando apenas um lado Apostando alto e brincando com a sorte Gritando alto, e ao expor factoides ficam calados Um país onde não faz sentido existirem racistas Latino-americanos acreditando serem supremacistas A síndrome da conspiração de pseudo-fascistas Dizem ter bombas, mas conclamam em meras faíscas Tentam silenciar e silenciam quem busca os fatos Morre mais um e muitas vezes parece que foi em vão Até tentam minimizar, mas continuam sendo ratos Escondem um karma, mas os que silenciam se calarão "Todo aquele que disser uma palavra contra o filho do homem será perdoado, Mas quem falar contra o Espírito Santo não será, nem nesta era ou na que virá Considerem que uma árvore boa dá bons frutos e uma ruim, frutos arruinados Uma árvore é conhecida por seus frutos... nesta era e ainda mais, na que virá Raça de víboras, como podem vocês que são maus, dizerem coisas tão boas? Pois a boca fala, aquilo que

Harakiri

Os pastores levam o seu rebanho a um caminho As estradas da sobrevivência Usam sua pele e carne escondendo o extermínio Estão em paz na negligência Um preconceito fantasiado de patriotismo Um egoísmo transposto no mecanismo E o idealismo catequizado num ceticismo Na impiedade tratada com romantismo Se penso, logo existo Mas repenso e logo resisto Silenciam os aflitos Querem nos vencer no grito Só que vencer quem não luta é fácil Pois é difícil quando queremos focar em outra guerra E colocam uma luta interna no palácio Portanto nós não vemos o fim e então nada se encerra O passado assassino não apenas volta à realidade Cai a máscara que mostra a sua face da maldade Sempre foi assim, mas agora se torna celebridade O rei do caos é um mero demônio da banalidade Estamos cometendo o suicídio involuntário Um Harakiri pelos nossos pecados Tentando nos reerguer enquanto devastados E no silencio da Terra somos levados

Castelo de Gelo

Espelhos mudos e lágrimas secas Conselhos escuros e às avessas E fragmentado em seu próprio eu Com o olhar de quem se perdeu Um vício em seus ciclos sociais Ocupam o lugar do que não tem mais E fragmentado em seu próprio eu Deixado em cinzas, ele não renasceu O espelho mágico te deixou só Com sentimentos em efeito dominó A máscara cai para se enxergar Compreender este momento impar Sobre os defeitos de si mesmo Não no concreto, um chão de cimento A máscara cai para se enxergar Um passo em falso ou sem onde pisar A prática simples de um bom dia pode te salvar Salvar também o próximo e ir muito além A prática de um simples até logo pode purificar Trazer esperança a quem não tem ninguém Mesmo que esse seja você...

Em Guerra

São tantos a se vitimizar São tantos tentando te derrubar Dizendo que é pro seu bem São tantos e nem tem ninguém São vários jogos mentais Vitórias e derrotas substanciais E nem vale o tempo gasto Entrar em guerra com derrotado Sei que é difícil levantar a bandeira branca Quando precisou escavar a própria trincheira Sei que é difícil meditar, recitar um mantra Quando as armas apontam para a sua cabeça Mas então, o que fazer? Pedir pra um milagre acontecer?

A percepção de um por do Sol

A luz que toca o céu É a mesma que não invade muitas janelas A luz que muitos falam Não é a mesma que está em minhas velas Em minhas preces E minhas preces estão Com aqueles que eu chamo a ser luz E minhas preces estão Com o som do tambor que me conduz O que me leva não é a canção das fadas O som da estrada não é só vento O perfume do mar não é só de lágrimas E a voz da noite não é o silêncio A percepção de um por do Sol, por sua vez Eu vejo e eu acredito no amanhã Aqui da estrada ele é tão bonito em degradê Eu desenho, eu fotografo ao divã Mas tem quem não o veja E não por estar distante em fuso horário Mas tem quem não o veja Mesmo estando próximo quase do lado Apenas observa a outra direção E a outra direção não é feia, é a chegada da Lua e das estrelas Há quem escolhe sua restauração Há quem acha que tem o poder de impor o que há de ser beleza E ambos são ambos...

Eu não desistir de trilhar

Por tão pouco se perde muito E por muito pouco quase se perde tudo Às vezes prefiro fingir de mudo Apesar da esperança perdida no mundo Eu não desisti de trilhar Passar por cruzamentos e ir em encruzilhadas Ver o amarelo e acelerar Atravessar fechamentos e sumir pelas estradas Quais? Só ir... Por tão pouco se sonha muito E dependendo da queda vai bem fundo Às vezes prefiro fingir de surdo Ou bom ouvinte, mas seguir meu rumo Eu não desistir de trilhar Girar o mundo enquanto ele roda E ver um azul se apagar Comemorar mais algumas bodas Quais? Só ir... Se prender Se soltar Te entreter Te trolar Sem ofender Só sambar Sem remexer E só lançar A braba...

Robôs e Lobos

O compromisso é com anedotas Enviando os soldados pra derrota E mesmo que perca toda a frota Tem um grande arsenal de lorotas Em meio aos fiéis, partidários Parciais em seus livros de antolhos Adeptos à apenas um cenário Levados a acreditar que há um piloto Paranoia hipocondríaca existencial Entupidos de todo placebo territorial Paranoia fanática por um essencial Conservam factoides de efeito moral E a cura é que parece total loucura Mas antes voltar a trás do que à tortura E parece simples, que é só a leitura Que tá na cara, todos gestos e posturas Vamos retroceder bem mais que apenas um passo atrás Se deixarmo assim vamos continuar assim, sem ter paz

Chuva longa de Verão

A sua cabeça está igual ao seu quarto Onde nada é aquilo do que vemos Sempre está aparentemente arrumado A excelência na perfeição de si mesmo O seu peito é um grande espelho da sua casa Tem a porta fechada a tudo que tens desprezado ou rejeitado Abre as janelas, espera ter asas e sorri pro nada Sem saber que a qualquer hora seu coração pode ser roubado E a sua alma, ah a sua alma... A sua alma é semelhante aos seus cadernos velhos Anota o que acha interessante e raramente está aberto Às vezes esquecemos para o que viemos Deixamos o resto da força que não recebemos de volta Gastamos tempo e energia com o que é alheio E na firmeza, há sempre algo que explode ou se esgota Às vezes recebemos sinais no que ouvimos, no que vemos E outrora, até no que dizemos Nos recuperamos e recarregamos o vigor ao que queremos Ao que desejamos e prometemos Reeditar ou retificar Cair, ressiguinificar Repintar, reinventar E aí sim, ressuscitar Às vezes demoramos muito para acord