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Chuva longa de Verão

A sua cabeça está igual ao seu quarto
Onde nada é aquilo do que vemos
Sempre está aparentemente arrumado
A excelência na perfeição de si mesmo

O seu peito é um grande espelho da sua casa
Tem a porta fechada a tudo que tens desprezado ou rejeitado
Abre as janelas, espera ter asas e sorri pro nada
Sem saber que a qualquer hora seu coração pode ser roubado

E a sua alma, ah a sua alma...
A sua alma é semelhante aos seus cadernos velhos
Anota o que acha interessante e raramente está aberto

Às vezes esquecemos para o que viemos
Deixamos o resto da força que não recebemos de volta
Gastamos tempo e energia com o que é alheio
E na firmeza, há sempre algo que explode ou se esgota

Às vezes recebemos sinais no que ouvimos, no que vemos
E outrora, até no que dizemos
Nos recuperamos e recarregamos o vigor ao que queremos
Ao que desejamos e prometemos

Reeditar ou retificar
Cair, ressiguinificar
Repintar, reinventar
E aí sim, ressuscitar

Às vezes demoramos muito para acordar e sair da cama
Por pura desvontade de sair pro corredor ou pra rua
Mas tem dias que antes do despertador, a gente se levanta
Dizem que deve ser a posição de Marte ou da Lua

E eu acho que pode ser o Sol (...)

E na primária missão de aprender e desenvolver
Nem sempre temos a escolha de pra onde crescer
Mas ao observar o que em nós é preciso fortalecer
Conseguimos caminhar sem nos camuflar, esconder

E é quando deixamos esse medo que começamos a nos revelar
Mas cuidado! Que aparecer é pros raros e dos raros, para poucos
Temos que aprender qual é a hora de sorrir ou chorar, silenciar ou falar
Qual é a hora de levantar a bandeira branca ou até de sair no soco

O mundo está cada vez mais chato
Muita gente reclama do que está fora sem sair do quarto
Confundem factoides com fatos
Em mais uma Chuva longa de verão de um céu já esperado

Vem março, abril... Dezembro
Lembro, relembro e às vezes me esqueço
Vira janeiro, passa fevereiro
A minha primavera é no final de Setembro

E eu acho que pode ser o meu raio de Sol
Luz no fim do túnel, eu barco e Você farol

A tempestade vem para nos deixar mais fortes
E a turbulência vem para nos manter acordados
Não é o escudo que nos deixa temente à morte
E sim o erro que no impede de um novo fracasso

Aprendemos mais com nós mesmos
E de repente fecha o tempo do nada
Reajustamos a postura a cada tropeço
(...) Sobe o cheiro de chuva molhada

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Cronicas de Pietro (parte 2)

O cheiro de urina, Onde indigentes morrem todos os dias. Cheio de morfina, Onde indígenas dormem ao que se inicia. Um dia triste de chuva, E apenas espero a nossa Lua. Enquanto faço a curva, Eu aumento o som da música. A realidade é mais intensa do que parece E nem tudo se resume a prantos e preces Mas o olhar, Brilha igual ao chão molhado. Na volta ao lar, Observando o que está ao lado.

Mais um dia

Sou a mata em meio a selva  Sou resistência, sou relva  Renasço em meio a queda  Sou o sorriso de uma fera Risco o ponto e me sento a mesa Me concentro e clamo pela natureza  Sou parte dos deuses e da realeza  A mistura da felicidade e da tristeza  Canto e recanto em silêncio  Escuto os meus pensamentos  Vozes que vêm do alento  Preces de força, do firmamento  Estou nas velas que eu ascendo Sou as preces que ofereço  Na labuta diária, o agradecimento  Na oferta e no sentimento  A fé vem antes de receber E se torna mais forte ao agradecer  Transforma ao pertencer Revigora na evolução do eu, crescer Minhas orações não são só minhas São de quem e pra quem se confia De meus ancestrais e de meus guias Uma oração a Ogum e uma Ave Maria  Bom dia, pois é mais uma dia Entre o céu azul e a floresta cinza A respiração que enche e esvazia No sol quente e nas paredes frias