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Mostrando postagens de outubro, 2018

Corvos e Corujas

O som das garças e da lagoa Dos galhos ao vento que ressoa O som das vozes vem e ecoa E do passo, que na grama entoa Sou meus delírios e deixo minha nave seguir Sem gravidade, apenas o vácuo e sua escuridão Sou o meu colírio e me desequilibro ao sorrir Refletido em sombras, concretos e a imensidão Sou pequena parte de quem nem passou por aqui Mas deixou suas palavras serem como rios Fluviais que correm como se não tivessem o fim Mas cortam as pedras de um coração febril Sou um labrador com a cara pra fora da janela Corro atrás de bolas e bicicletas Destruo os seus chinelos, bebo água das vielas E observo as suas saídas secretas Sou todas as vidas por onde andei Sou cada rabisco que desenhei Sou todas as canções que eu cantei E sou os devaneios que sonhei Nessa noite, ao som de corvos e corujas Onde o silencio limpa e desenferruja No espaço vazio, a nossa alma mergulha Onde podemos lavar toda roupa suja Simples assim, com um olhar Simples assim, com um son

Maturando Solidão

O som das máquinas, da chuva e dos carros No ranger das portas, nos galhos e nos pássaros A luz que passa em silêncio e sussurros do vento O pulsar dos sentimentos, seus passos descendo São fantasmas em pensamentos, são passados em devaneios As lágrimas em acolhimento e os sorrisos guardam meus segredos Empurram seus móveis, abafam as suas brigas Expulsam os hóspedes e escondem suas feridas As crianças que correm, sujam os pés e as camisas E os velhos dormem para evitar a fadiga São fantasmas em pensamentos, são passados em devaneios As lágrimas em acolhimento e os sorrisos guardam meus segredos O som baixo da TV, um braço não mais dormente O vazio a crescer, o laço em desapego indiferente Os pés no braço do sofá e o meu pescoço todo torto Abro os olhos devagar, me sinto detido e ao mesmo tempo solto

Textos Egoístas

Tenho textos em gavetas Alguns sem começo Outros sem meio ou fim Tenho textos amassados Que não joguei no lixo E ainda guardo pra mim Tenho textos que não escrevi Que somem com o tempo Em travesseiros e lençóis de cetim Tenho textos só meus Que não divido com ninguém Num quarto escuro, mas enfim... Não me importo!

Redenção

Me faço de pequenas preces Deixo as coisas desligarem automaticamente E me livro de minhas vestes Estou mais leve que as estrelas e o sol poente Sou uma neblina em meus pulmões Sou a vontade de estar em paz comigo mesmo Sou o reencontro de minhas ficções Sou o dono de meus mais profundos segredos Então nos encontramos novamente Em meio a escuridão Fecho os olhos e descanso a mente Em meio a imensidão Nossas mãos se unem na altura de sua cintura E eu posso sentir seu abraço em um olhar Nem deu tempo, fui sugado por minha fissura Uma rachadura em lacuna, me fez chorar Me fez sangrar enquanto eu me cicatrizava Me machucou profundamente a me curar Tirou a angustia que tão interna me matava Em lágrimas mórbidas veio a me medicar Não queria sentir como uma estátua de sal Mas às vezes o fantasma vai e vem Não fazia menor sentido me fazer tão mal Para depois vir e me deixar tão bem

A Varanda e o Silencio da Cidade

Normalmente selecionamos memórias Horizontamos o outrora E autorizamos a vinda do silencio Rabiscamos todas as nossas divisórias Estradas de Por do Sol e trajetórias Desenhamos os belos momentos Mas foi quando a gente se desconheceu E de repente se esqueceu De quem éramos um pro outro Ou foi quando a gente realmente se conheceu E de repente percebeu Que talvez não valesse o esforço Os sonhos partem o que não tínhamos juntos Não tínhamos em comum nos mundos E limpei você de minha estante Os rumos se dividem sem ter mais assunto Não mais se multiplicam em segundos Duram tanto tempo quanto um instante Parei de falar no plural e nem tinha percebido...