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Mostrando postagens de outubro, 2016

Ossos de Carvão

Demoramos para encontrar o nosso lugar E quando encontramos, querem nos tirar a força de lá Demoramos para levantar e para superar E quando retomamos a postura, querem nos empurrar Mas expectativas São a culpa do espectador Que em tentativas Prefere remoer e sentir dor Demoramos para ter paciência e simplificar E quando estamos em paz, querem desse momento, nos destronar Demoramos para tomar ciência do purificar E quando deixamos a escuridão, os nossos demônios querem voltar Mas perspectivas São a culpa do pensador Que em negativas Prefere recorrer ao amor Demoramos muito para aprender a viver E nem sabemos se nós vivemos de verdade Demoramos muito para aceitar o morrer E nem sabemos como é essa tal eternidade Toda iniciativa tem alguma alternativa Não deixe nada estar a deriva Mas de todo final, não se tem esquiva Não pense nisso, apenas viva E sentir culpa, é tomar a consciência de seu próprio erro Então assim, aprender, convivendo em meio ao pesadelo

Meraki

Estudos apontam números Massas, densidades e teorias E os insultos apontam tudo Histórias de ovos e galinhas Nós falamos com vontade de nos silenciar Nós nos silenciamos com vontade de falar E tudo que é imposto, nos causa repudio Andamos ao lado dos trilhos para observar a paisagem Ouvir o silencio das árvores e do mundo E tapamos o ouvido, quando o trem está de passagem Nós abrimos os olhos com vontade de fechar E fechamos os olhos com vontade de sonhar Felicidade é encontrar algum lugar Onde queremos parar e ficar Com pessoas legais pra conversar E um bom som pra se escutar Nós apontamos para's estrelas esperando quando uma cairia Para fazermos um pedido, desejar e encontrar essa tal utopia

Pífios

Das vezes que quis andar por aí descalço Mãe dizia - Não saia sem casaco Das vezes que quis suprir o meu cansaço Não tinha universo, nem espaço Das vezes que ouvi mil vozes em pedaços Meu espelho estava em cacos Das vezes que na escuridão eu ouvi passos Senti claustrofobia num abraço Pessoas tão vazias nos olhares Cheias de frases mudas pra falar Pessoas tão perdidas em bares Cheias de frases mudas pra falar Os extremistas não compreendem Que uma moeda tem dois lados Regridem e agridem como podem Irracionais, voltam ao passado Caçam como vorazes animais ou como neandertais Criam novos conceitos tradicionais Querem respeito, mas não repeitam os próprios pais E acreditam que a guerra trará paz

O que te prende ao vazio?

De tanto usar Não pode nem degustar De tanto burlar Não pode nem recusar As escolhas nem sempre foram fáceis E as buscas nem sempre foram implacáveis A redenção era direito de leis estáveis E os olhares talvez fossem mais agradáveis Não me sinto confortável em opinar Na verdade acho insuportável ter que aconselhar Não creio que seja confiável unificar Na verdade acho mutável igual tentar desenfrear Mas temos que nos movimentar Cair e levantar Mas temos que nos movimentar Desistir e tentar Vamos nos arrepender e até sentir orgulho Essa é a confusão Vamos trazer melodia em forma de barulho Essa é a discussão O que é realmente bom?

Castelos na Praia

Eu procuro novos pensamentos Argumentos da alma Dos espíritos que vão ao centro Aos ventos nas asas Procuro em formulas incalculáveis Que não levam números Mas somam e substituem variáveis Peculiar ao que é incluso E aquilo que é excluso Procuro entender O que posso e não uso Sem compreender As canções silenciadas pela opressão dos olhares Orações enfezadas, infames, correções dos mares Não importa o que a maré tenha levado É coisa da sua cabeça Eles querem seu moleque abandonado Até que se enlouqueça E esqueça de como era bom se sentir seguro e escalar todos os muros Eles te querem aos cantos e em prantos, até que um dia você desapareça E esqueça de como era bom sorrir e em apuros, desbravar os mundos Surpreenda seus demônios e seus anjos, até que o que não sirva pereça

Ócio, Nosso Divorcio

Era só mais uma noite de verão Em claro na escuridão E o silencio ecoava sem fração Sem sonhos, sem razão Era só mais um dia qualquer Passos lentos e a pé As vozes de não sei quem é Cigarros no cabaré E quem vem chegando é só mais um Indo para lugar algum Tomar as suas doses de rum em jejum Roupas de rapaz comum Você me levou um Luar E me deixou sem poder flutuar Você me levou o Samba E não deixou com quem dançar Era só mais um despertador Para aumentar minha dor Ressaca, uma água por favor Bem gelada, meu senhor Era só mais um ônibus que eu perdia Para melhorar meu dia É, e quanto mais um ciclo se repetia E enquanto não esfria (...)

Diminutas

Intervalos temporais De tempestade e vendavais E tem mais, se distrai O semitom se denota eficaz Dos corações saudosistas De mentes futuristas Nesta vida somos turistas Em olhares realistas Não quero alguém que me faça esquecer de todo o meu passado Mas sim, alguém que me tire da solidão que me prende lá Não quero estar só por estar e sim no meu universo inexplorado Escuro sem o Luar do céu, galáxia-quarto à se contemplar Decorações e dementes Algo soa reluzente O artista foi inteligente D'alma transparente Às vezes o poeta nem falava de amor, mas interpretaram assim Não era a angustia ou o terror, mas ele teve um triste fim A tragédia e a comédia estão nos olhares, nas peças de marfim A beleza na morte que não se vê, vira dó, lá, bemol em si Onde tudo são reciclagens E vêm em embalagens De ferrugens em ferragens Garrafas nas margens Sem mapas do tesouro, mas sim, pedidos de Socorro!

Baratas

A vida é cheia de impulsos Mas também é cheia estagnações em passados remotos Sem controle, falsos pulsos Na hora de agir, queremos desistir em meio à terremotos E a tristeza é uma dor da solidão No quarto escuro ou na multidão A vida é cheia de intuitos Sentidos de bussolas quebradas, memória sem fotos Foco desviado em insultos Na hora de refletir, somos ondas em espelhos tortos E a tristeza é o silencio das cobertas Medo, de quem deixa a porta aberta Descansa se houver luz Sonha se ouvir estórias O desligado não produz Ao andar sem trajetória Eu me calo, quando começa a ficar repetitivo

Diamantes de Gelo

Viajo entre orgânicos e eletrônicos Estéticos e sintéticos Vejo um corpo humano, mecânico Frenético, anestésico Nas cordas do braço e nas vocais Expulso meus demônios Nas estradas passadas busco paz E no futuro, um encontro A frieza traz escudos de gelo Facilmente quebrados pelo que é calor E se o tempo não devolvê-lo Demora para reconstruir o que é vapor A metade dessa vida já foi vivida Ninguém quer a outra metade sofrida Então buscamos entradas e saídas E às vezes, tudo parece mera corrida Mas se religião significa religar Onde nossas almas buscam sempre se encontrar? Pois os aprendizados são, amar Não de se armar, mas sim de se aliar e se realinhar "Religiosamente" Os tais sábios pregavam a imortalidade "Religiosamente" Facilmente encontradas na moralidade

Charcot

Sou a soma de todo meu passado Dos erros e acertos Do que foi perdido ou conquistado Polaridade e avesso Sou reflexo de minha ganância Refém de minha gula Abstrato em desejos à distância Platônico sem bussola Meus horizontes são errantes Busco estrelas do mar Não vejo brilho em diamantes Vejo nos olhos ao Luar Minha capela é um quarto escuro E os meus professores já morreram Minhas intensões não tem futuro E meus antecessores não nasceram O tempo-espaço está em um quadro branco Onde faço releituras do universo Dentro das lacunas da poesia, eu sou franco Respiro mesmo estando submerso

Em dias de Chuva

Em dias de chuva Poucos estarão à brilhar Agregue, exclua Carregue ou deixe estar Eles perderam a crença na concordância Verbalmente à distância E perderam fúrias dentro de arrogâncias Literalmente na infância Mas isso talvez nem seja triste nessas palavras Então, pare a poesia É só observar melhor cada degrau das escadas Tolos seres em afasia A inércia dos dias cinzas O vento que carrega a garoa aos rostos Vivem e fogem da brisa A quem foi proposto e exposto, o oposto De monstros e criaturas Sonhos e loucuras Múrmuros e amarguras Em muros, misturas Em dias de chuva...