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Cantigas de ninar dissonantes

Dentro de um condomínio não se enxerga a desigualdade externa
Sentindo o ar condicionado não se percebe o calor do fim dos tempos
Na busca pela luz onde muitos preferem se aprisionar na caverna
Poucos abrem os braços para sentir a chuva, a tempestade e os ventos

Só entende a luta quem sobe no ringue, independente da batalha
Pode demorar, tudo se recupera, mas nem tudo tem saída
Então não menospreze aquele que a única opção é usar a navalha
Os riscos de quem tem pouco a perder e o pouco é a vida

Essa disparidade só vê aquele que está do lado ou que já passou por isso
Tem familiares levados por essa guerra daqueles que já nascem pra perder
E quando vence tem que ficar provando diariamente como compromisso
A luta não acaba pra quem nasceu fora dessa falsa meritocracia do vencer

O progresso não virá como nos contos de fada
Nem tudo é tão belo quanto você acha, criança mimada
De dentro do castelo é simples de se dar risadas
Mas se tivesse na nossa pele, seria mais uma fracassada 

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Cronicas de Pietro (parte 2)

O cheiro de urina, Onde indigentes morrem todos os dias. Cheio de morfina, Onde indígenas dormem ao que se inicia. Um dia triste de chuva, E apenas espero a nossa Lua. Enquanto faço a curva, Eu aumento o som da música. A realidade é mais intensa do que parece E nem tudo se resume a prantos e preces Mas o olhar, Brilha igual ao chão molhado. Na volta ao lar, Observando o que está ao lado.

Mais um dia

Sou a mata em meio a selva  Sou resistência, sou relva  Renasço em meio a queda  Sou o sorriso de uma fera Risco o ponto e me sento a mesa Me concentro e clamo pela natureza  Sou parte dos deuses e da realeza  A mistura da felicidade e da tristeza  Canto e recanto em silêncio  Escuto os meus pensamentos  Vozes que vêm do alento  Preces de força, do firmamento  Estou nas velas que eu ascendo Sou as preces que ofereço  Na labuta diária, o agradecimento  Na oferta e no sentimento  A fé vem antes de receber E se torna mais forte ao agradecer  Transforma ao pertencer Revigora na evolução do eu, crescer Minhas orações não são só minhas São de quem e pra quem se confia De meus ancestrais e de meus guias Uma oração a Ogum e uma Ave Maria  Bom dia, pois é mais uma dia Entre o céu azul e a floresta cinza A respiração que enche e esvazia No sol quente e nas paredes frias