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Uma espécie de Deus

Senti a vontade de voltar
Mas não dá para ficar aqui, no pra sempre
Sou do caminhar, do viajar
Não me importo de ir pra trás ou pra frente

Mas me incomodo de não ir e ficar a esmo
Na tragédia que é arte da elite ou na comédia que é a arte da plebe
Pois todos mascaramos ter o que não temos
Somos cordeiros em pele de lobo e somos coiotes em pele de lebre

Só quem nos conhece de verdade é uma espécie de Deus
O seu, o meu e até o do ateu
Só quem nos conhece de verdade é uma espécie de Deus
O judeu, o Romeu, o que sofreu

Senti vontade de voltar
Dar alguns passos para trás para pegar um impulso
Pular como se fosse voar
Ouvir o discurso e não me incomodar com o insulto

Mas se me acomodo, é na poltrona da viagem
Fecho os olhos, ligo os fones e esvazio tudo o que há na mente
Não presto atenção na melodia ou na mensagem
Às vezes olho pela janela, pra paisagem e encosto calmamente

Só quem nos conhece de verdade é uma espécie de Deus
O que prometeu, reergueu e renasceu
Só quem nos conhece de verdade é uma espécie de Deus
O do mosteiro, o do museu e do liceu

Mas agora, sobre os seus demônios
É só você quem pode falar
Quem te distrai, te abstrai e é irônico
Que te faz estourar ou calar

Sabe, o Sol se vai sem dizer adeus, mas ele sempre volta
Às vezes não vemos a Lua partir, pois sentimos a escolta

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Cronicas de Pietro (parte 2)

O cheiro de urina, Onde indigentes morrem todos os dias. Cheio de morfina, Onde indígenas dormem ao que se inicia. Um dia triste de chuva, E apenas espero a nossa Lua. Enquanto faço a curva, Eu aumento o som da música. A realidade é mais intensa do que parece E nem tudo se resume a prantos e preces Mas o olhar, Brilha igual ao chão molhado. Na volta ao lar, Observando o que está ao lado.

Mais um dia

Sou a mata em meio a selva  Sou resistência, sou relva  Renasço em meio a queda  Sou o sorriso de uma fera Risco o ponto e me sento a mesa Me concentro e clamo pela natureza  Sou parte dos deuses e da realeza  A mistura da felicidade e da tristeza  Canto e recanto em silêncio  Escuto os meus pensamentos  Vozes que vêm do alento  Preces de força, do firmamento  Estou nas velas que eu ascendo Sou as preces que ofereço  Na labuta diária, o agradecimento  Na oferta e no sentimento  A fé vem antes de receber E se torna mais forte ao agradecer  Transforma ao pertencer Revigora na evolução do eu, crescer Minhas orações não são só minhas São de quem e pra quem se confia De meus ancestrais e de meus guias Uma oração a Ogum e uma Ave Maria  Bom dia, pois é mais uma dia Entre o céu azul e a floresta cinza A respiração que enche e esvazia No sol quente e nas paredes frias