Pular para o conteúdo principal

Abalo sísmico

O nós na garganta agora transita entre o meu peito e meus pensamentos
É que de tempos em tempos eu desabo em meus desabafos mentais
E o pior é que eu nem sei se sou uma boa pessoa para me dar conselhos
Me disfarço em passos dados e a respiração aparentemente em paz

Mas eu me deito junto a demência emocional, como se fosse a primeira vez
Como se nunca tivesse aprendido e tudo fosse um imenso ciclo obrigatório a ser repetido
Percebo que a inteligência fica para uma visão mais externa, cheia de solidez
Só que na real é a mais pura palidez, no claro, sentada de frente a uma janela, sem sentido

Passam os dias e eu apenas busco a salvação desta angustia calada
O olhar avoado, as mãos soltas como se tivesse recebendo soro em um consultório
Passam nuvens e passam estrelas no reflexo de uma tela desligada
O coração apertado, a coluna levemente torta de sentimento apático, pouco notório

É essa confusão de saber que preciso de ajuda, mas espero que ninguém me note
É como se fosse tudo um desperdiço, ter qualquer afeto 
É essa indignação de não ter forças, mas saber de que de alguma forma sou forte
E é como se tudo fosse um grande hospício a céu aberto

Eu sei que não podemos escolher entre o sofrer ou o não sofrer
Apenas como lidar e é sempre bom ter esse tempo para absorver melhor
Eu sei que não podemos escolher entre o perder ou o se perder
Mas nós só nos dirigimos a um novo ciclo quando nos libertamos de nós

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cronicas de Pietro (parte 2)

O cheiro de urina, Onde indigentes morrem todos os dias. Cheio de morfina, Onde indígenas dormem ao que se inicia. Um dia triste de chuva, E apenas espero a nossa Lua. Enquanto faço a curva, Eu aumento o som da música. A realidade é mais intensa do que parece E nem tudo se resume a prantos e preces Mas o olhar, Brilha igual ao chão molhado. Na volta ao lar, Observando o que está ao lado.

Mais um dia

Sou a mata em meio a selva  Sou resistência, sou relva  Renasço em meio a queda  Sou o sorriso de uma fera Risco o ponto e me sento a mesa Me concentro e clamo pela natureza  Sou parte dos deuses e da realeza  A mistura da felicidade e da tristeza  Canto e recanto em silêncio  Escuto os meus pensamentos  Vozes que vêm do alento  Preces de força, do firmamento  Estou nas velas que eu ascendo Sou as preces que ofereço  Na labuta diária, o agradecimento  Na oferta e no sentimento  A fé vem antes de receber E se torna mais forte ao agradecer  Transforma ao pertencer Revigora na evolução do eu, crescer Minhas orações não são só minhas São de quem e pra quem se confia De meus ancestrais e de meus guias Uma oração a Ogum e uma Ave Maria  Bom dia, pois é mais uma dia Entre o céu azul e a floresta cinza A respiração que enche e esvazia No sol quente e nas paredes frias